Oito guarda-vidas militares pedem desligamento da função no Litoral gaúcho

Oito guarda-vidas militares pedem desligamento da função no Litoral gaúcho

Motivo é o valor baixo das diárias, que não é reajustado desde 2011

Paulo Roberto Tavares

Nesta temporada, o efetivo no Litoral baixou para 950 guarda-vidas

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Desde a semana passada, a Associação dos Salva-vidas Militares (Asavime) vinha alertando ao governo de que no Carnaval algumas guaritas poderiam ficar sem a presença desses profissionais, o que pode ocorrer também na próxima temporada, quando muitos não pretendem atuar nos postos de salvamento.

O Corpo de Bombeiros Militar diz que não aceita estes pedidos de desligamento nesta temporada, ressaltando que os profissionais estão sujeitos ao regime militar, não podendo simplesmente sair da função. O motivo dos pedidos para deixar o Litoral é o valor baixo das diárias (R$ 122,99), que não é reajustado desde 2011, tornando difícil a manutenção dos profissionais no Litoral. A categoria vem se mobilizando para que as diárias tenham um aumento. 

O reajuste das diárias foi estipulado em R$ 344,47, levando em conta a variação do IGP-M e IPCA. O valor, de acordo com a Asavime leva em conta os valores cobrados no Litoral (Norte e Sul), com alimentação (gasto diário de R$ 53,29) e hospedagem (média diária de 156,00), somando-se chega ao total de R$ 209,29, o que não coberto pela diária atual.

A entidade de classe considera clara a dificuldade "para o militar se deslocar de sua cidade de origem e manter os custos com combustível, alimentação, hospedagem e treinamento físico no Litoral", alerta a entidade em nota.  

A preocupação é grande. Na temporada passada (2020/2021) o efetivo no Litoral foi de 1200 guarda-vidas. Nesta temporada, o número baixou para 950, ao menos 25 profissionais testaram positivo para a ômicron e estes encontram-se em  quarentena que pode chegar até 10 dias. Com esses afastamentos, 925 guarda-vidas estão nos postos de salvamento. 

De acordo com a Asavime, uma pesquisa realizada pela Internet entre os dia 12 e 17 de janeiro, com 511 guarda-vidas (policiais militares e bombeiros militares), mostrou que 219 militares já pretendiam pedir desligamento da função antes do Carnaval e 159 profissionais cogitavam esta possibilidade. Já a participação na temporada 2022/2023, uma média de 70% dos que responderam o questionário não pretendem retornar na próxima temporada. 

Responderam ao questionário 326 integrantes do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS). Para a pergunta se os profissionais tinham alguma intenção de pedir desligamento da atividade antes do Carnaval, 41,7% respondeu que sim, 30,1% marcou a opção talvez e 28,2% afirmou que não. Quanto ao quesito se tinham interesse em participar da Operação Verão 2022/2023 se não houvesse reajuste das diárias, 9,5% respondeu que sim, 77% disse não e 13,5 afirmou que talvez. 

Dos policiais militares que atuam como guarda-vidas, 185 responderam a pesquisa. A pergunta de se pretendiam pedir desligamento da atividade ainda este ano, sem o reajusta das diárias, as repostas foram 44,9% sim, 22,2% não e 33% talvez. Já a intenção de participar da próxima temporada sem o reajuste das diárias ficou assim: 14,1% disse sim; 64,3% afirmou que não e 21,5% respondeu talvez.

Corpo de Bombeiros

O coordenador operacional da Operação Verão, coronel Isandré Antunes, disse que o Corpo de Bombeiros encaminhou uma solicitação de reajustes das diárias, que não sofriam correção desde 2011, em setembro do ano passado. O aumento proposto, de acordo com o oficial, foi de R$204,00.

Segundo Antunes, não houve o reajusta devido ao início da pandemia, mas o Estado está estudando um reajuste, que deverá levar em conta a limitação que é imposta para regime de Recuperação Fiscal. "O documento da Asavime, com o pedido de reajuste das diárias não é muito diferente do que encaminhamos ao governo", disse Antunes. "Estamos estudando a questão das diárias para que na próxima temporada tenhamos um cenário diferente, que os profissionais nao tenham que pagar para trabalhar".  

Quanto ao pedido de desligamento, oficial foi taxativo, ele não poderá ocorrer. Ele ressaltou que o Corpo de Bombeiros segue o regime militar e que não pode ocorrer desligamentos a qualquer momento. "No Carnaval, vamos todos estar nas guaritas trabalhando", garantiu o coronel.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895