Tradição à beira-mar: quem são as quiosqueiras mais antigas da praia de Atlântida
As irmãs Mariquinha e Ivonete estão há 38 anos trabalhando nos mesmos pontos
publicidade
Maria de Oliveira Rodrigues, de 73 anos, saiu rapidamente da cozinha de seu quiosque para conversar com a reportagem do Correio do Povo, que na última quinta-feira procurava saber quem eram as quiosqueiras mais antigas da beira da praia de Atlântida, em Xangri-lá.
Não foi necessário perguntar muito. “Acho que é a tia Mariquinha”, disse um funcionário, antes de chamar a chefe pelo apelido carinhoso pelo qual todos a conhecem. Afinal, são 38 anos ocupando exatamente o mesmo ponto à beira-mar.
Assim que saiu pelos fundos do quiosque, disposta e bem-humorada, Mariquinha quis se certificar de que o papo seria rápido. Não queria deixar a cozinha que comanda desguarnecida por muito tempo. “Eu não deixo ninguém mexer na minha panela, é só eu. Chego aqui 6h e pouco da manhã, sou a primeira a chegar e a última a sair”, contou a quiosqueira, que às vezes chega a deixar o ponto somente às 22h.
Mariquinha se instalou no local depois de trabalhar no quiosque de um filho por dois anos. Sempre no mesmo ponto, tornou-se testemunha ocular das mudanças de uma das praias mais conhecidas do Litoral Norte.
A principal mudança na praia, segundo ela, é com relação à quantidade de pessoas. Antes da construção dos condomínios de casas em Atlântida, a praia costumava ficar lotada o dia inteiro. No entanto, até hoje ela mantém diversos clientes dos primeiros anos de trabalho e conhece pelo nome os integrantes de diferentes gerações das famílias que há décadas veraneiam ali.
“Esses dois meses que eu fico aqui é a maior alegria, parece que é umas férias em que a gente se encontra com os amigos. É uma família que temos aqui”, disse, antes de seguir para fritar um de seus famosos pastéis.
A poucos metros do Quiosque da Mariquinha, que fica próximo do centro, está a outra quiosqueira mais antiga da praia, Ivonete de Oliveira Justino, de 65 anos. O sobrenome do meio não é coincidência: as duas são irmãs e estão há 38 anos nos mesmos pontos.
Ivonete ainda ocupou outro espaço na praia por dois anos – onde hoje fica o Quiosque da Marizete, sobrinha das duas irmãs – antes de se transferir para onde está até hoje, próximo da plataforma. “Tenho clientes desde o primeiro dia em que cheguei aqui, os filhos que chegaram pequenininhos hoje continuam conosco”, contou.
Tendo como diferencial o pastel de camarão e a caipirinha, Ivonete também trabalha duro diariamente. Assim como a irmã, diz que chega no local por volta das 6h e, por vezes, vai embora perto das 22h. “
Se o dia está lindo, tem gente que às 20h30min está na praia, e aí depois a gente começa a guardar as coisas. É bem puxado, mas é muito bom trabalhar.”
