Mulheres na Liderança: comportamentos de quem chegou ao topo

Mulheres na Liderança: comportamentos de quem chegou ao topo

Voltado para o mercado de trabalho, um estudo identificou dez maneiras pelas quais as mulheres se sabotam e que podem refletir na vida de forma geral

Simone Lopes

Para liderar algo ou uma instituição, é preciso liderar a própria vida, afirmam especialistas

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O momento em que vivemos é de uma extensa variedade de forças culturais, sociais e políticas, há inovações, o mundo high tech e muitas transformações na sociedade. O papel do homem e da mulher foi se modificando e ganhando novos elementos ao longo da história. Nesse contexto, muitas vezes turbulento, as pessoas podem não perceber padrões de comportamento negativos. De acordo com um estudo da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) voltado para o mercado de trabalho, foram identificadas pelo menos dez maneiras pelas quais as mulheres se sabotam e, de forma geral, esses comportamentos se refletem na vida: duvidando de seu próprio potencial, deixando de pensar na carreira a longo prazo, mantendo pontos fortes e sucessos em segredo, achando que é preciso ser especialista para falar, trabalhando de cabeça baixa, não performando no nível correto, recusando-se a abrir mão do controle, pegando as sobras do trabalho, revisitando pensamentos sem parar e lutando para ser uma mulher-maravilha. 

Essa heroína, inclusive, é uma personagem que vem sendo um peso para muitas mulheres. Porém, conforme algumas especialistas, o que precisa ser ajustado é que a mulher pode encontrar seu lugar, com a plena consciência e merecimento. Um outro ponto foi destacado por Deborah Tannen, professora de linguística na Universidade de Georgetown. Em um levantamento, ela descobriu que, em debates públicos, as mulheres falavam menos do que os homens. E, quando falavam, suas ideias normalmente não eram aceitas ou atribuídas a elas. Mas, para liderar algo ou uma instituição, é preciso liderar a própria vida. 

De acordo com a diretora da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) na Região Sul, Rose Russowski, psicóloga com pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos, a mulher pode alcançar os espaços que ela desejar, com consciência e leveza tanto na vida pessoal quanto profissional. Esse lugar bem-sucedido e possível também foi abordado no estudo. 

A pesquisa apontou comportamentos e crenças que diferenciam as mulheres que prosperam. Entre os quesitos estão a análise do mindset (modelo de pensamento) e das crenças, para entender o que pode estar sendo um “autossabotador”. Apontou também que é saudável construir relacionamentos sólidos que possam ajudar a mulher a ter sucesso, criar parcerias, delegar funções, reconhecer as oportunidades e aceitar desafios, entendendo que é merecedora. O estudo descobriu ainda que, na maioria dos casos, a valorização dos talentos femininos acaba sendo um catalisador para as próprias mulheres dentro de uma organização. Esse tipo de diretrizes dentro das empresas ajuda a construir uma cultura inclusiva que possibilita o avanço na carreira das mulheres. 

Foram identificadas situações que podem ser desenvolvidas diariamente para impactar a ascensão de mulheres e a criação de uma cultura mais inclusiva. Entre as ações simples que devem ser adotadas pelos gestores e que geram grandes resultados estão a criação de oportunidades de networking, dar visibilidade às mulheres entre líderes seniores e tomadores de decisões, fornecer coaching e feedback para aprimorar o tino comercial, conversar frequentemente com os colaboradores sobre carreira e coaching e desafiar a colaboradora quando ela acha que pode não ter capacidade ou potencial para crescer.

Liderar, nesses novos ambientes organizacionais, cada vez mais impulsionados pelas novas gerações que chegam, requer muita resiliência. “Mas requer também autoconhecimento, flexibilidade, fácil comunicação, multidisciplinaridade e coragem para superar desafios. A líder (ou o líder) precisa estar aberto para ser um patrocinador e um facilitador de mudanças. Portanto ‘desaprender’ e ‘desadaptar’ são competências-chaves para o melhor exercício da liderança”, salienta a palestrante e conferencista Jo Lima. “No início da minha carreira, eu tinha a crença de que gestão e liderança se confundiam. Ledo engano. Hoje tenho plena consciência de que liderança não é um cargo e sim uma postura de vida”, ensina. 


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