Exame "Genoma da Dieta" auxilia na alimentação, saúde e qualidade de vida

Exame "Genoma da Dieta" auxilia na alimentação, saúde e qualidade de vida

Nutricionista Janaína Czarnobai explica sobre os benefícios de entendermos melhor as formas de otimizar nossa saúde

Simone Lopes

Exame, feito no Centro Genomas, abrange genes associados à obesidade, regulação do metabolismo lipídico, risco do desenvolvimento de diabetes Mellitus tipo 2, entre outras possibilidades de doenças crônicas, explica a especialista

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Cada pessoa possui uma herança genética e o estudo que identifica esse "código" em condições associadas à saúde metabólica é a genômica nutricional. Com o avanço da Ciência e da Tecnologia e, por meio do projeto Genoma, surgiu, entre diversos outros, o exame Nutrivieé 2.0, que, através da coleta da saliva, consegue identificar, a partir da análise de material genético, os riscos que causam prejuízos à saúde e, dessa forma, possibilita aos profissionais e aos pacientes trabalharem na forma preventiva.

De acordo com a nutricionista Janaína Czarnobai, da mesma forma com que podemos otimizar a nossa saúde de maneira personalizada, podemos potencializar a pré-disposição ao desenvolvimento de doenças crônicas, como obesidade e doenças cardiovasculares. Ela destaca que essa metodologia contribui para a personalização das prescrições e resultados mais eficientes na qualidade de vida.

O exame, feito no Centro Genomas, abrange genes associados à obesidade, regulação do metabolismo lipídico, risco do desenvolvimento de diabetes Mellitus tipo 2, hipertensão arterial e sensibilidade ao sódio, além do metabolismo do folato, da Vitamina D, de Vitaminas Mind (dopamina e serotonina), da Cafeína, do Álcool, da modulação da resposta inflamatória, intolerância à lactose, ao glúten, além de estresse oxidativo e destoxificação (atividade antioxidante, processo de destoxificação, síntese de enzimas antioxidantes, atividade inflamatória, risco para infecções) e bioenergética.

Ela explica que o preparo é simples e a coleta é feita pelo próprio paciente. Antes do exame, a pessoa deve ficar em média 30 minutos sem comer, fumar, escovar os dentes e mastigar chicletes. Depois, o material é encaminhado para um laboratório em São Paulo e o resultado é enviado em 15 dias úteis. “A principal dúvida das pessoas é por que realizar o exame. Ele é feito uma única vez na vida. Se eu já sei meu histórico de doença crônica ou por exemplo eu já tenho obesidade, qual seria a vantagem de realizar esse tipo de exame?”, questiona Janaína Czarnobai, formada pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), proprietária da Clínica de Nutrição CzarNutri, parceira da academia Ineex e da Clínica Scienza, especialista em Nutrição Clínica Esportiva pelo Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde (IPGS). Atualmente é graduanda em Genômica Nutricional pela VP Centro de Nutrição Funcional.

Conforme a nutricionista, que desenvolve seus atendimentos direcionados à reeducação alimentar, mudança de estilo de vida e longevidade, quando se identifica exatamente o que acontece nos genes do paciente, evita-se ou até mesmo posterga-se determinadas tendências. Ela observa que em relação à obesidade, por exemplo, dentro dessa questão, podem ter vários segmentos, denominados polimorfismo, ou seja nossas variações genéticas. “Então, têm pessoas que podem ter um polimorfismo direcionado para uma má absorção de carboidratos ou a uma alteração de grelina, que é um hormônio que nos dá a sensação de fome ou para uma alteração de leptina, que é um hormônio que dá a sensação de saciedade ou daqui a pouco pensando em micronutrientes, esse paciente é metabolizador lento em relação à vitamina D. Nesse sentido, se ele fizer essa suplementação via oral, daqui a pouco, não vai ser tão eficiente, porque ele metaboliza de maneira mais lenta. Dessa forma, para esse paciente seria mais interessante ele fazer uma injeção intramuscular. Então, o grande achado do teste genético é que a gente trabalha em cima de certezas e não tanto de erros e acertos, de ‘achismos’, a gente trabalha com personalização de prescrições”, esclarece a especialista. A nutricionista observa que, além de suas funções clássicas no metabolismo ósseo, a forma ativa da vitamina D, o calcitriol exerce atividade imunorreguladora, antiproliferativa e de diferenciação celular, funções mediadas por sua ligação com o receptor para vitamina D (VDR). A vitamina D também exerce papel importante na evolução de algumas dermatoses tais como psoríase e dermatite atópica, além de influenciar a patologia de doenças crônicas não transmissíveis.

Janaína conta que teve um paciente que, mesmo com déficit calórico, ele não tinha um bom resultado, não conseguia emagrecer. “Há um mecanismo que se chama ciclo circadiano que designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, sendo influenciado principalmente pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e a noite. Ele  diz respeito à forma como o teu corpo responde à questão hormonal, conforme o clima, a claridade, de acordo com funcionamento do dia. Nesse paciente, em especial, vimos que ele precisava fazer um alinhamento nos horários como ele fazia as refeições. Ele sempre almoçava muito tarde e isso prejudicava a questão de emagrecimento dele em função dessas liberações hormonais. E esse paciente, em específico, também tinha essa alteração de leptina, que é o hormônio que controla a saciedade. Então, por mais que ele mastigasse e fizesse as recomendações, ele nunca se sentia saciado. Então, em cima disso, trabalhamos de forma mais específica e direcionada. A gente vê muitas vezes, na área da Nutrição, situações em que a pessoa é julgada, porque não consegue emagrecer por preguiça ou porque não deve estar seguindo a dieta, mas, na verdade, a gente já sabe agora, que, por exemplo, até um próprio comportamento, que é o beliscar alimentos ao longo do dia está associado com o polimorfismo. Hoje em dia, a gente tem muito prescrições direcionadas para dieta low carb, dieta cetogênica, mas daqui a pouco para pacientes que têm uma compulsão maior por lipídios saturados, talvez não seja a melhor estratégia. Antigamente, a gente tinha uma estratégia padrão para emagrecimento. Porém, através do teste genético, a gente sabe que tem que ter uma prescrição, uma atuação específica para cada paciente”, observa.

A profissional salienta que, atualmente, os exames preventivos, como o Nutrivieé®, se destacam pela análise de variações em genes (regiões específicas do DNA que contém a informação necessária para a produção de proteínas responsáveis pelo funcionamento das células. Apesar de nossa constituição genética ser fixa, a nossa alimentação e o nosso estilo de vida, que influenciam a expressão dos nossos genes, são variáveis. E tudo isso impacta no estilo de vida.


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