Pré-eclâmpsia pode trazer complicações graves

Pré-eclâmpsia pode trazer complicações graves

Alteração na pressão arterial da gestante pode gerar problemas para a mãe e para o bebê

R7

Problema é mais comum entre mulheres negras e gestações de gêmeos

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A pré-eclâmpsia é um problema em que a mulher sofre com hipertensão durante a gravidez e que pode trazer complicações graves, tanto para a mãe quanto para o feto. Entre as mulheres que sofreram com a condição na gestação, está a cantora norte-americana Beyoncé, de 37 anos, que afirmou no documentário "Homecoming: A Film By Beyoncé", produzido pela plataforma de streaming Netflix, que sofreu como problema durante a gravidez dos gêmeos Rumi e Sir Carter.

De acordo com a ginecologista Samira Haddad, da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a pré-eclâmpsia se difere da hipertensão crônica, pois aparece após as 20 semanas de gravidez e desaparece após o parto do bebê, e tem complicações diferentes da hipertensão crônica.

Entre os problemas que podem ocorrer estão a eclâmpsia, que são convulsões que ocorrem por conta da hipertensão e podem causar danos neurológicos na mãe; e Síndrome Hellp, que leva à disfunção de plaquetas e alterações hepáticas.

O problema não teria uma causa específica esclarecida, mas alguns estudos sugerem que as mudanças na pressão da mãe ocorrem por conta de alterações imunológicas na instalação da placenta no útero. A pré-eclâmpsia não obrigatoriamente aparece em todas as gestações da mulher, mas o risco de redesenvolvimento da condição é maior naquelas mulheres que já passaram pelo problema, sendo utilizados medicamentos para evitar que a síndrome ocorra novamente, como a suplementação de cálcio e o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina). 

Samira afirma que, como o problema acomete a placenta — a película tem sua função modificada, o que pode diminuir a oxigenação do bebê, causar problemas de desenvolvimento fetal, parto prematuro, descolamento prematuro de placenta e um risco aumentado de hemorragia pós-parto.

O problema seria mais comum entre negras, mulheres com diabetes dos tipos 1 e 2, obesas, mulheres com hipertensão crônica e em gestações de gêmeos. 

Segundo Beyoncé, o problema com a hipertensão durante a gravidez não foi o único — o coração de um dos bebês parou algumas vezes ainda dentro do útero, levando-a para uma cesariana de emergência.

Samira afirma que esse problema pode ocorrer porque um dos bebês recebe um fluxo sanguíneo maior que o outro, por conta da divisão entre os dois bebês, ou mesmo pela situação da pré-eclâmpsia.

O diagnóstico da pré-eclâmpsia é feito de maneira clínica, com a medida da pressão arterial em dois momentos diferentes da gravidez, com pelo menos quatro horas de intervalo, tendo resultados a partir de 14/9.

A ginecologista afirma que, para que o tratamento seja realizado, é necessário monitorar os níveis da pressão da grávida e solicitar exames para verificar as funções dos rins e do fígado, além de checar o número de plaquetas sanguíneas, determinando se no problema há complicações ou não.

O tratamento pode ser realizado com o controle da pressão, uso de medicamentos anti-hipertensivos, alterações da dieta para adequação do peso, evitar o consumo de açúcar e diminuir a ingestão de gordura. Samira aponta que para diminuir o risco de desenvolvimento do problema, a mulher deve controlar o peso e a diabetes durante a gestação.

Em casos mais graves casos em que a mulher more longe do serviço de saúde ou que as condições de suporte médico não sejam adequadas, pode ser necessária a internação da gestante para controlar a pressão arterial, monitorar a saúde da mãe e do bebê. 

Após o parto, a pré-eclâmpsia costuma ser resolvida de seis a 12 semanas, sendo necessário o acompanhamento médico, que faz a retirada gradual do medicamento para evitar complicações.


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