Ode à bravura e à resistência dos gaúchos

Ode à bravura e à resistência dos gaúchos

Futebol é para ser curtido em tempos de normalidade. Diante da tragédia que se abate torna-se obrigatório entrar de corpo e alma na corrente que se estabeleceu para socorrer os milhares de necessitados.

Hiltor Mombach

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Futebol é para ser curtido em tempos de normalidade.
Diante da tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul torna-se obrigatório entrar de corpo e alma na corrente que se estabeleceu para socorrer os milhares de necessitados.
As autoridades reconheceram que não havia condições climáticas e transferiram as rodadas de todos os campeonatos.
Fui buscar nos versos do genial Jayme Caetano Braun palavras para que os que estão sofrendo neste momento achem forças para seguir em diante. Retirado de "Galo de Rinha".
A música 'Galo de Rinha', de Jayme Caetano Braun, é uma obra que utiliza a figura de um galo de briga para traçar um paralelo com a vida e a luta do povo gaúcho.
A letra é uma ode à bravura e à resistência, características marcantes tanto do animal quanto do homem do campo sulista.
Através de uma linguagem poética, o autor evoca imagens de batalhas e desafios enfrentados com coragem e honra.

Valente galo de rinha
Guasca vestido de penas!
Quando arrastas as chilenas
No tambor de um rinhedeiro
No teu ímpeto guerreiro
Vejo um gaúcho avançando
Ensangüentado, peleando
No calor do entreveiro!

Pois assim como tu lutas
Frente a frente, peito nu
Lutou também o xirú
Na conquista deste chão
E como tu sem paixão
Em silêncio ferro a ferro
Caía sem dar um berro
De lança firme na mão!

Evoco nesse teu sangue
Que brota rubro e selvagem
Respingando na serragem
Do teu peito descoberto
O guasca no campo aberto
De poncho feito em frangalhos
Quando riscava os atalhos
Do nosso destino incerto!

Deus te deu, como ao gaúcho
Que jamais dobra o penacho
Essa altivez de índio macho
Que ostentas já quando pinto
E a diferença que sinto
É que o guasca, bem ou mal!
Só luta por um ideal
E tu brigas por instinto!

Por isso é que numa rinha
Eu contigo sofro junto
Ao te ver quase defunto
De arrasto, quebrado e cego
Como quem diz: Não me entrego
Sou galo, morro e não grito
Cumprindo o fado maldito
Que desde a casca eu carrego!

E ao te ver morrer peleando
No teu destino cruel
Sem dar nem pedir quartel
Rude gaúcho emplumado
Meio triste, encabulado
Mil vezes me perguntei
Por que é que não me boleei
Pra morrer no teu costado?

Porque na rinha da vida
Já me bastava um empate!
Pois cheguei no arremate
Batido, sem bico e torto
E só me resta o conforto
Como a ti, galo de rinha
Que se alguém dobrar-me a espinha
Há de ser depois de morto!


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