As tragédias parecem se engatar umas nas outras

As tragédias parecem se engatar umas nas outras

Não sou adepto da utopia e, portanto, considero plausível alagamentos quando a chuva é intensa e incessante. Não é disto que estou falando.

Hiltor Mombach

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Vou escrever sobre algo que estou assistindo mais uma vez. Parece um filme repetido, repetido, repetido. Algo sobre uma coisa que não entendo nada. Sou um leigo completo. Um ignorante assumido Vou escrever sobre a enchente que atinge o Rio Grande do Sul.
Amigos, parece que foi ontem que assisti algo assim tão assustador. As tragédias parecem se engatar umas nas outras. São quase iguais. Leia o noticiário da última e verá que as manchetes são parecidas. Mais alguns dias e esta enchente será a penúltima. Porque se há uma certeza absoluta por aqui é esta: não teremos jamais a última enchente. Motivo? Os governantes governam com paliativos. É paliativo aqui, ali e acolá.
Não sou adepto da utopia e, portanto, considero plausível alagamentos quando a chuva é intensa e incessante. Não é disto que estou falando.
O leitor já se perguntou se é impossível a realização de obras definitivas em alguns destes locais atingidos, e são sempre quase os mesmos?
Vai algum tempo ouvi um especialista falando de uma tragédia em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Disse, entre outras coisas, que em alguns casos só a remoção definitiva das pessoas seria solução. Aquilo que não tem solução, solucionado está. Se só resta esta alternativa, que seja feito. Que os governos (federal, estadual e municipal) encontrem solução e coloquem estas famílias em outro local, em outras casas.
Dias atrás o Correio do Povo realizou um trabalho brilhante de utilidade pública. Trabalho que deveria ser lido e relido pelas autoridades. Levou como título “como outros países usam sistemas de contenção para enchentes”. Mais abaixo: “Governos do exterior apostam em estratégias como túneis subterrâneos, estruturas com vegetação para absorção e dunas costeiras”. Retiro trecho:
“A China utiliza o conceito de "cidade-esponja" para proteção da população das enchentes. Na capital Pequim existem infraestruturas que absorvem, armazenam, filtram e purificam a água da chuva. Quando necessário, liberam e utilizam a água armazenada.”
Vamos lá. Disse e repito que sou um ignorante neste assunto. Seria interessante o governo enviar gente que entende para ver como alguns países convivem com as enchentes. Mais: há verbas e estas são aplicadas?
A pergunta acima tem fundamento. Frase do presidente Lula em 2024 sobre o Rio de Janeiro: “Quando acontece uma enchente qualquer, o primeiro atendimento sempre é do governo federal. Mas, ao analisar o que aconteceu no Rio de Janeiro, percebemos que desde 2013 tem várias obras contratadas para cuidar de morros e córregos e que não foram utilizadas".
De acordo com Lula, foi utilizado R$ 1 bilhão de um investimento de R$ 1,6 bilhão no estado e nenhuma obra foi concluída. "Muitas obras estão feitas 15%, 20%".
Só uma coisa funciona nestas tragédias: a solidariedade do povo gaúcho. Sugiro inclusive um SOS definitivo porque em breve teremos outra catástrofe.
Eu deveria estar escrevendo sobre futebol. Não tenho estômago para escrever sobre amenidades. Volta e meia recebo mensagens de amigos ou de parentes relatando algum tipo de dificuldade. Recebi um vídeo dando conta de que pai e filho desapareceram após deslizamento de terra em São Vendelino. Enviaram porque passo por ali toda vez que vou a Garibaldi.
Minha solidariedade aos que estão sendo vítimas de mais uma enchente.


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