O FIM DO MUNDO

O FIM DO MUNDO

"A ideia da morte, não apenas a individual, mas da morte coletiva, da extinção da raça, do fim do mundo, remonta aos primórdios da humanidade”

Hiltor Mombach

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A pandemia do coronavírus me faz lembrar do livro "O Fim do Mundo", do historiador e jornalista norte-americano Otto Friedrich (1929-1995).
Friedrich narra como a humanidade encarou momentos apocalípticos como o saque de Roma, a Inquisição, a peste negra, o terremoto de Lisboa, a Revolução Russa e Auschwitz, as perturbações, o histerismo que fez muitos acreditarem que o mundo estava acabando.
A tragédia que abala o Rio Grande do Sul me levou novamente ao livro. Copio trecho da orelha.
"A ideia da morte, não apenas a individual, mas da morte coletiva, da extinção da raça, do fim do mundo, remonta aos primórdios da humanidade, ao medo de que o sol não voltasse a brilhar no final do inverno.
O fim do mundo é um mito presente em todas as culturas, transmitido geração após geração pela tradição oral e que pode ser identificado nos escritos mais remotos.
Segundo Friedrich, o apocalipse que antes evidenciava o temor dos desígnios divinos, hoje é visto como uma vingança da natureza..."
PÂNICO
A narrativa de Friedrich mostra como as autoridades municipais reagiram "com uma série de medidas severas para conter a disseminação do pânico" no período da Peste Negra, entre 1347 e 1350.
Temos assistido o governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião Melo desmentirem diariamente fake news. Pela ignorância ou banditismo as mentiras invadiram as redes sociais, aumentando o pânico. Quem promove fake news diante da desgraça é criminoso. Falei em ignorância, embora não acredite que, neste mundo globalizado, ainda existam pessoas vivendo em bolhas e que desconheçam que fake news é crime. Prossigo.
Como as autoridades reagiram para evitar o pânico diante a Peste Negra? Segundo Friedrich, " ordenaram que os sinos parassem de tocar. Proibiram o uso de roupas pretas. Proibiram a reunião de mais de duas pessoas nos funerais ou qualquer manifestação pública de luto."
ANSIEDADE
Lembro que numa destas greves dos caminhoneiros houve uma corrida aos supermercados. Com o estoque foi possível ir repondo os produtos. Ali pelo quinto dia, percebendo que havia reposição, de água mineral, principalmente, a corrida foi diminindo. Não lembro de ter ficado ansioso e de assistir de alguma forma tranquilio o final a grave e a retomada da normalidade.
A enchente, e todas as suas graves consequências, tem me deixado ansioso. Nas três últimas vezes que fui ao supermercado não havia água. E havia desabastecimento de outros produtos. O fato de não haver previsão para a retomada da vida com um mínimo de normalidade assusta.
O prefeito cometeu uma frase corretíssima: “Numa tragédia aparece o que há de melhor e pior no ser humano". Leio que uma garrafa de água mineral está sendo vendida a até R$ 80 em Canoas. Flagrado, quem faz isto deveria ser algemado.


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