Resgates seguem em Guaíba, mas vento e chuva podem prejudicar operação

Resgates seguem em Guaíba, mas vento e chuva podem prejudicar operação

Chuva e vento forte previstos para esta quarta devem afetar o trabalho com helicópteros

Camila Souza

Helicóptero da FAB leva mantimentos para Guaíba

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*Com informações de Cristiano Abreu

A mobilização para resgatar e acolher as vítimas da enchente que atingiu os bairros Cohab e Santa Rita segue intensa na manhã desta quarta-feira em Guaíba. No Ginásio Coelhão, um dos principais abrigos, caminhões e ônibus chegam a todo instante com mais pessoas resgatadas. Além do ginásio, outro ponto de chegada de helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) com mantimentos fica próximo ao Fórum, na região central do município.

Apesar dos grupos de voluntários e autoridades estarem totalmente mobilizados, as condições climáticas previstas para esta quarta, com chuva e vento forte, podem prejudicar e até mesmo forçar a parada dos trabalhos, principalmente dos helicópteros.

A cidade ampliou o número de abrigos, mas ainda são muitas pessoas para atender. Somente nos bairros Cohab e Santa Rita são mais de 40 mil atingidos, além dos desabrigados de Eldorado do Sul. Um dos desafios é fazer com que as vítimas encontrem seus familiares. Por isso, foi criado o site SOS Guaíba, com uma lista de pessoas alocadas e resgatadas no município.

Cintia Viana morava no Loteamento Popular, próximo à BR 116, em Eldorado do Sul. Ela perdeu casa, carro e tudo que tinha. Foi resgatada e chegou em um abrigo em Guaíba somente com a roupa do corpo e com uma caixa plástica nos braços. Dentro, carregava um gato que salvou no meio da tragédia. “Agora eu só tenho ele”, disse.

Caminhão leva desabrigados para o Ginásio Coelhão | Foto: Ricardo Giusti

O empresário Maicon Silveira, de 37 anos, é um dos voluntários auxiliando nas operações. Ele conta que um dos momentos mais comoventes foi quando resgatou um bebê de dois meses na Cohab. “Os pais chegaram com o barco, colocaram a criança nos meus braços e falaram ‘leva pra um lugar seguro’. Tu relembrar teu filho e pensar em tudo isso que eles estão passando comove demais. A gente vê o desespero no olhar das pessoas. Tem que reter lágrimas e sentimentos para continuar”, relata.

Falta de medicamentos e de segurança preocupa autoridades

Além da falta de medicamentos em hospitais, a segurança é outra grande preocupação, especialmente nos bairros onde houve evacuação e nas regiões próximas aos abrigos. Equipes médicas relatam temor com crimes que estão sendo cometidos, incluindo contra agentes de saúde em atendimento.

“Nosso primeiro desafio é que a burocracia não vença as pessoas. A gente precisa de agilidade do governo estadual e federal. Tem que chegar água, medicamento, hospital de campanha e segurança para as pessoas, que possam retornar às suas casas. O desafio é retirar pessoas de Eldorado. Ontem, mais de mil pessoas vieram para cá. São 3,6 mil pessoas que estão em Guaíba vindas de Eldorado”, disse o prefeito Marcelo Maranata.

No hospital regional, 59 dos 61 leitos estão ocupados, e a prioridade são casos de emergência. Por isso, a orientação é que os moradores que precisam de atendimento procurem as unidades básicas de saúde.

A prefeitura ainda reforça que as áreas inundadas ainda não estão seguras para que os moradores retornem.


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