Chuvas destroem produção agroecológica de Eldorado do Sul

Chuvas destroem produção agroecológica de Eldorado do Sul

Cheia desabriga totalidade de famílias da Cootap e submerge agroindústrias, estufas, hortas e estoques de arroz orgânico

Correio do Povo

Estufas dos produtores agroecológicos estão submersas

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Assim como a área urbana, a produção agroecológica foi destruída pelas cheias em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana da Capital. O assentamento da reforma agrária Integração Gaúcha ficou embaixo da água, inundando hortas que fornecem hortigranjeiros para feiras agroecológicas de Porto Alegre.

A produção agrícola do assentamento é comercializada agroecológicas dos bairros Menino Deus, Três Figueiras, na Redenção e Auxiliadora.

“É uma perda gigantesca, a gente não sabe nem por onde recomeçar”, disse Márcia Riva, da comissão da Feira de Agricultores Ecologistas (FAE).

Há danos também em agroindústria de panificados, na produção de cogumelos, de leite e na sede da Cooperativa Dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap). O local servia para a organização, o estoque e a comercialização de arroz orgânico produzido pelos assentados.

A mercadoria que estava no local, pronta para a venda, foi totalmente submersa. Parte da produção total do grão era entregue a programas públicos como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“A média de perdas de produção, estruturas, moradias, pode contabilizar R$ 1,5 milhão por família”, estimou Márcia Riva.

Reconstrução será demorada

Desolada, a produtora Marcia Riva diz que o processo de reconstrução e recuperação da área será demorado. Um dos motivos está nas características do solo, que é argiloso e perderá qualidade com os alagamentos.

“Teremos de passar por um processo de reconstrução do solo para voltar a produzir alimentos. Tivemos muitas perdas de animais e ainda não temos informações de perda de pessoas”, narrou Márcia.

Segundo a produtora, serão necessários, no mínimo, 60 dias somente para o processo de reconstrução do solo para, depois, realizar novos plantios.

“As culturas mais rápidas, como rúcula e alface, demoram de 50 a 60 dias entre plantio e colheita. Isso acaba afetando diretamente a nossa sobrevivência”, afirmou a agricultora.

Uma campanha para arrecadar doações, promovida pela Associação Agroecológica, está em andamento. Interessados podem enviar contribuições pela chave pix CNPJ 085.884.61-0001-39.


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