Soja a ser colhida no Estado deverá ter 3% de avaria

Soja a ser colhida no Estado deverá ter 3% de avaria

De acordo com Associação das Empresas Cerealistas, a estimativa indica um resultado de qualidade dentro dos padrões exigidos pela legislação

Poti Silveira Campos

Grãos de soja colhidos no Rio Grande do Sul, depois do início das chuvas, deverão sofrer perda de teor de proteína

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Do total da soja a ser colhida no Estado, 3% deverá apresentar avaria nos grãos, em razão das chuvas e enchentes ocorridas desde o início do mês. A estimativa é da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs). “É um volume muito pequeno”, diz Roges Pagnussat, presidente da entidade. De acordo com o dirigente, o índice garante que a safra gaúcha da oleaginosa atenderá os padrões de classificação exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Dentro dos padrões de classificação do Mapa são tolerados 8% de grãos avariados dentro de uma carga de soja”, explica Roges Pagnussat.

O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Jerônimo Goergen, salienta que “em algumas regiões, a perda [de qualidade] será maior. No Noroeste, já foi colhido. Em Vacaria, já foi colhido, mas na Região Central está mais complicado”, afirma. Em levantamento publicado pela Emater/RS-Ascar, no dia 9 de maio, o Rio Grande Sul havia colhido 78% dos 6,68 milhões de hectares dedicados à soja na safra atual.

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Com a ocorrência da hecatombe climática em maio, a colheita foi praticamente interrompida. “Tivemos pequenas janelas [no mau tempo], no início do mês, em que foi possível o agricultor entrar na lavoura e colher. Foram janelas muito curtas no norte. No sul do Estado, o tempo favoreceu um pouco mais”, diz Pagnussat. De acordo com o dirigente, mesmo avariado, o grão poderá ter aproveitamento para a produção de ração com menor teor de proteína.

“Não é com a proteína ideal, de 45%, com as características de um grão normal”, explica Pagnussat. Cristiano Oliveira, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande, esclarece que “o acúmulo de umidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de subprodutos de boa qualidade, especialmente para a indústria alimentícia”.

Pagnussat ressalta a impossibilidade de grãos que não atendam os requisitos de qualidade ou normas sanitárias serem recebidos por empresas cerealistas. “Produto que não passa nos mínimos requisitos não entra na armazenagem. Não tem sequer como movimentar o grão. Ele fica pastoso”, garante.

Pauta unificada

Jerônimo Goergen diz que a Acebra está trabalhando “nas negociações com o governo federal” para adoção de medidas que minimizem as perdas do agronegócio no Rio Grande do Sul. “Considerando o tamanho do problema e as diferenças regionais, deveríamos unificar uma pauta de todo o agro. É a minha sugestão”, afirma. Junto com outras sete entidades, a Acebra encaminhou ao Mapa um ofício com propostas nas quais estão incluídas a prorrogação e abatimento de dívidas de produtores rurais com fornecedores privados, liberação de linhas de crédito para capital de giro para empresas armazenadoras e fornecedoras de insumos ao produtor rural e indústrias frigoríficas, e direcionamento de recursos à recuperação da infraestrutura de abastecimento do agronegócio.


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