Especialista alerta para possível aumento de casos de hepatite A, leptospirose, gripe e Covid

Especialista alerta para possível aumento de casos de hepatite A, leptospirose, gripe e Covid

Secretaria de Saúde de Porto Alegre informou a apliação de 1.098 doses de vacinas em socorristas e vítimas da enchente

Paula Maia

Três vacinas estão disponíveis Dupla Adulto (dT), contra Difteria e Tétano, a Antirrábica e a Influenza

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Além das ações e dos esforços para salvar vidas das pessoas e animais vítimas da enchente que ainda assola o Rio Grande do Sul, existe uma preocupação crescente em relação às possíveis consequências para a saúde pública.

O número de pessoas nos abrigos em Porto Alegre não para de subir. E a aglomeração facilita a transmissão de vírus.

Na manhã desta segunda-feira, 14.632 pessoas estavam acolhidas em 162 abrigos da Capital. E o nível do Guaíba atingiu 4,86 metros, com tendência de continuar subindo, podendo superar a marca de 5,30.

De acordo com o chefe do serviço de infectologia da Santa Casa de Porto Alegre, Alessandro Pasqualotto, a curto prazo as pessoas podem apresentar infecções de pele e nas feridas expostas à água contaminada.

O infectologista não descarta a possibilidade de epidemia, especialmente hepatite A, leptospirose, gripe e Covid. “Passados de uma a três semanas da exposição à água, existe risco real de termos surtos de hepatite A e de leptospirose”, registra o médico que ainda ressalta que uma volta do calor também pode aumentar os casos de dengue.

Para evitar as doenças respiratórias como gripe e Covid-19, além da tuberculose, ele reforça a importância da vacinação, principalmente nas pessoas que estão em abrigos.

O Infectologista também destaca que existe risco de pneumonia nas pessoas que tenham se afogado com a água poluída, e de raiva e tétano para as que foram mordidas por animais, ou que tenham se machucado nos resgates. “Diarreia, dores de barriga, ânsias de vômito e febre podem também ocorrer em quem ingerir água impura”, descreve.

Sobre as ações que devem ser realizadas, Pasqualotto afirma: “Primeiramente, precisamos nos assegurar que as pessoas tenham acesso a água potável. Dentro dos abrigos, precisamos efetivamente identificar as pessoas que precisam de tratamento para infecções, bem como aquelas que precisem de isolamento.

Recentemente, as sociedades médicas de todo o país fizeram recomendações sobre as vacinas mais importantes a serem aplicadas neste momento, bem como as populações prioritárias para recebê-las. Estas vacinas são Influenza, Covid, hepatite A, raiva e tétano. Algumas destas precisam estar disponíveis já nos locais de atendimento aos socorristas; outras, nos abrigos”, observou.

O especialista não descarta a possibilidade de doenças erradicadas voltarem. “Por este motivo, precisamos estar atentos, e trabalhando de modo articulado entre o Estado e as sociedades científicas, em tempo real para responder à crise. Neste sentido, é fundamental que façamos esforços para atualizar o calendário vacinal de nossa população, especialmente para os mais vulneráveis, conforme notas técnicas”.

Para um melhor planejamento das ações, o infectologista enfatiza a importância de uma adequada notificação das infecções para um melhor planejamento das ações. E a necessidade de antibióticos e soros para o tratamento dessas condições que ocorrem em um cenário de enchentes.

Para quem está inseguro, pois teve algum contato com água que pode estar contaminada, o médico explica que é importante ficar atento aos sinais e sintomas de infecção. Buscar ajuda, orientação médica e evitar a automedicação.

“Muitas iniciativas, neste momento, estão sendo oferecidas para atendimento online para a população, bem como com consultoria com médicos especialistas para os médicos que estejam atendendo na linha de frente. Informe-se destes canais. Neste momento, é muito importante que criemos fluxos e que disseminemos clara informação, para que somente procure as emergência dos hospitais quem realmente necessite ", frisou.

Piolhos e sarnas

Outro ponto observado pelo médico é que já existem relatos de infestação por piolhos e sarnas em alguns abrigos. A farmacêutica Janaine Martins que está atuando como voluntária em um dos centros de captação e distribuição de medicamentos de Porto Alegre, localizado no Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), aponta que faltam doações de medicamentos como permetrina, loção indicada para o tratamento da infestação por piolhos.

“Está tendo infestação de piolhos nos abrigos, então para controlar isso é necessário o medicamento. Também tem médico pedindo ivermectina para poder utilizar nessas infestações de piolho, porque têm abrigos que não tem água em abundância para poder depois remover o medicamento do couro cabeludo, do cabelo da pessoa que utilizou loção. Então às vezes eles estão dando preferência por utilizar medicamentos de uso interno para esses casos”.

"As pessoas que quiserem ajudar com medicamentos, é importante saber que não podem ser medicamentos vencidos, nem medicamentos danificado. Medicamentos que virou, que derramou, que pegou umidade, que está com a coloração alterada, que está estufado, isso nada pode", explicou.

Janaine também informou que os remédios recebidos nesse centro de captação são enviados para outras cidades e que remédios como antibióticos e soros de reidratação são necessários.

A farmacêutica também faz um lembrete para a doação de remédios para os animais que estão sendo resgatados. Como vermífugos e antibióticos específicos de uso veterinário.

“E quem puder também ajudar os animaizinhos que estão sendo resgatados, é bem importante assim que se lembrem de não doar só ração, porque todo mundo lembra de doar ração e sachê, mas esquece que tem medicações que eles vão precisar também”, avaliou.
Vacinação para socorristas

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre informou que entre o dia 9 e 12 de maio foram aplicadas 1.098 doses de vacinas em socorristas e vítimas da enchente.

O operação é realizada pelas Equipes da Diretoria de Vigilância em Saúde e ocorrem na estrutura da Usina do Gasômetro, no Centro Histórico, e no Viaduto Eduardo Utzig, na Zona Norte.

São três vacinas que estão disponíveis, desde o dia 10 de maio: a Dupla Adulto (dT), contra Difteria e Tétano, a Antirrábica e a Influenza.

A dT é aplicada em pessoas com alguma lesão ou ferimento e que tiveram contato prolongado com as águas da enchente. A antirrábica, para acidentes leves ou graves de pessoas no resgate ou cuidado com os animais. A influenza está disponível para todos os públicos a partir dos seis meses de idade.

De acordo com a pasta, outras duas unidades móveis seguem atuando em dois abrigos temporários organizados pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) – no Centro Estadual de Treinamento (Cete), no Menino Deus), das 9 às 22 horas – e na Academia de Polícia Militar – na avenida Coronel Aparício Borges, 2001), das 9 às 18 horas.

Sintomas

O Ministério da Saúde orienta que quem enfrentou situações de inundação e enchentes, deve ficar atento aos sintomas e se houver três ou mais episódios, em um intervalor de 24 horas, deve-se procurar atendimento médico.

  • Diarreia
  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Náuseas/vômitos
  • Cólicas abdominais
  • Dor abdominal
  • Sangue ou muco nas fezes

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