Até onde vai uma obsessão

Até onde vai uma obsessão

Adaptação de “Misery: Uma Louca Obsessão”, de Stephen King, estreia no Theatro São Pedro

Caroline Guarnieri*

Marcello Airoldi e Mel Lisboa vivem o escritor Paul Sheldon e a enfermeira Annie Wilkes, respectivamente

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O escritor de terror, suspense e horror Stephen King nos convida a refletir sobre até onde pode vir uma obsessão no seu livro “Misery: Uma Louca Obsessão”, de 1987. Na história, o autor Paul Sheldon, famoso pela saga de livros sobre a personagem Misery Chastain, sofre um acidente de carro na remota cidade de Sidewinder, Colorado. Ele havia recém lançado o último romance da série, que termina com a morte da protagonista. Annie Wilkes, uma antiga enfermeira e autoproclamada “maior fã” de Sheldon e Misery, encontra seu carro e o resgata. 

Ao invés de levá-lo ao hospital, Annie deixa o homem preso no porão da sua casa, dopado e viciado em opioides, e o obriga a escrever um final diferente para sua amada personagem. São dezenas de capítulos em que o leitor pode acompanhar a angústia e o sofrimento de Paul, conforme ele se depara com o que Annie realmente é capaz de fazer. A adaptação mais famosa é o filme de 1990, dirigido por Rob Reiner, com roteiro de William Goldman e performances de James Caan e Kathy Bates.

O Brasil já recebeu duas montagens de “Misery”, em 1994 e 2005. Dessa vez, a WB Produções apresenta a primeira versão a partir do texto original ao teatro. Com direção de Eric Lenate e tradução de Claudia Souto e Wendell Bendelack, quem vive os protagonistas são Mel Lisboa e Marcello Airoldi. A peça tem três apresentações em Porto Alegre: sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h, no Theatro São Pedro. Os ingressos estão disponíveis no site do Theatro.

Mel Lisboa acredita que a peça é uma oportunidade de conhecer a história por outro ponto de vista, já que o livro é narrado a partir das percepções de Paul. “A gente queria que houvesse mais ambiguidade em relação aos personagens, que a responsabilidade dos acontecimentos não ficasse toda em cima de uma mulher, que é uma louca obcecada por aquele pobre homem vítima”, explica, em entrevista ao Correio do Povo.

Na opinião da atriz, o principal desafio está em viver uma personagem com tantas oscilações de humor. “Em uma cena ela está dando risadas e sendo divertida, e na outra ela está espumando de ódio. O difícil é buscar coerência em uma personagem que tem curvas tão bruscas”, pensa. A preparação para as 2h de espetáculo não é só mental e emocional: “a Annie é uma personagem muito intensa, eu preciso ter intensidade física e vocal, é uma peça que exige bastante da atriz”.

Os ensaios começaram no fim de 2021, com as primeiras apresentações em 2022. Hoje é a estreia na Capital, cidade natal de Mel. “A gente vai terminar a turnê aí, é uma questão muito pessoal pra mim”, conta. A atriz já se apresentou no Theatro São Pedro antes, mas a última vez em que esteve no palco foi no velório do pai Bebeto Alves, em novembro de 2022. “Pra mim vai ser bem emocionante”.

“Misery” não economiza na produção. O cenário giratório e o elenco de peso contribuem para a imersão da plateia. Mel define: “a peça tem agilidade, gera muitas sensações, a plateia se assusta, ri, fica tensa, vai se envolvendo naquela história, eu tenho visto isso nas cidades que a gente passou”. Resta ao público decidir, agora, até onde pode chegar uma obsessão. 

*Sob supervisão de Luiz Gonzaga Lopes

 

 


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