Linha Sandero dá adeus na Renault, mas deixa memórias esportivas

Linha Sandero dá adeus na Renault, mas deixa memórias esportivas

R.S. Sport trouxe o carro popular para perto das pistas

Bernardo Bercht

Sandero R.S. adicionou esportividade à linha francesa

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A dobradinha “Sandero/Logan” encontra seu fim de linha no Brasil após 16 anos. Os modelos marcaram época para a Renault, inclusive mudando seu mapa de vendas no País. Caíram no gosto do brasileiro com aposta no amplo espaço interno e preço competitivo. A chamada “Renaulution”, que trará o Kardian como abre-alas não terá espaço para o “xodó” com DNA romeno.
O Sandero foi bem mais que carro popular. Foi carro de trabalho aos milhares, cruzando as ruas como táxis e veículos de aplicativo. Enfrentou o fora de estrada na versão Stepway, claro que com limitações, mas valentia. A aventureira foi a última a deixar a fábrica como zero quilômetro, em São José dos Pinhais (PR).
Tamanho o protagonismo da linha que a Renault teve confiança para lançar, em 2015, algo que não se via no mercado brasileiro há décadas: um “esportivo popular”, aquela nostalgia de um Uno Turbo ou de um Gol GTI quadrado. Surgia o Sandero R.S. Sport, com o motor 2.0 16V F4R, numa configuração exclusiva de coletores de admissão, escapamento e mapeamento eletrônico. O “veneninho” foi suficiente para 150 cavalos e criou um grande sucesso dos chamados “track days”.

Linhas mais agressivas do Sandero R.S. Sport | Foto: Bernardo Bercht / Especial CP

O engenheiro Milton Pecegueiro Rubinho, é um entusiasta do “hot hatch” e acumulou muitos quilômetros em autódromos e provas de subida de montanha com o R.S. “A fama é merecida. É uma máquina de Endurance que você pode comprar para andar na rua”, analisa. “O freio sobra, o câmbio tem uma relação muito boa, a suspensão é muito bem acertada”, destaca.
Operador de dinamômetros, ele reconhece que potência não é o principal do 2.0 16V, mas ela acaba ficando em segundo plano pela diversão. A transmissão manual de seis velocidades é um dos segredos. “A primeira coisa que pega quem gosta de guiar: a relação de marchas ‘empilhada’. Não tem uma queda acentuada de rotação entre uma marcha e outra. O motor, mesmo não sendo um canhão, está sempre cheio”, diz.
A versão “especial” do Sandero diverte na pista e aguenta o uso diário. É a tal “máquina de endurance”. Com mais de 110 mil quilômetros no hodômetro, o R.S. testado por CM segue cheio de saúde, nos seus 0 a 100 km/h em 10s. Conforme a carta de manutenções, fez apenas as trocas obrigatórias de componentes e fluidos. “Destaca-se o cuidado com o arrefecimento. A Renault fez um sistema que sobra. Isso ajuda na robustez em uso realmente severo”, aponta Rubinho.
A suspensão, com viés esportivo, é onde o “bicho pega”, com manutenção frequente, ou então os barulhos e desconfortos surgem. A vida a bordo é mais espartana que em modelos modernos. A direção é de couro com grafismos e acabamento em costura vermelha. O visual agressivo e colorido segue nos bancos, mas a forração é de tecido com acabamento de carro de entrada. Plásticos do painel e a central multimídia têm um cuidado melhor, mas sem poder ostentar “luxo”. Em geral é um esportivo, é para ser leve e divertido, sem mostrar demais.


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