Alta performance como meta

Alta performance como meta

Músico, empresário e escritor. Um dos palestrantes mais requisitados do Brasil na temática de liderança e performance empresarial, Renato Grinberg possui mais de 25 anos de atuação no Brasil e no exterior. Aqui no país, liderou grandes empresas do ramo econômico como o Banco Santander e o Time. Nos Estados Unidos, trabalhou nas duas maiores corporações do ramo musical do mundo: a Sony e a Warner Bros.

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“Se você tiver tolerância ao erro e, obviamente, extrair informações do erro e corrigir, isso atrai inovação. Empresas que não têm tolerância ao erro estão fadadas a ficar paradas. Inovação não é uma característica de gênios, é uma disciplina."

Quem é Renato Grinberg?

O Renato é aquele que sempre teve curiosidade pelas coisas. A primeira curiosidade foi com o mundo animal, gostava de bichos e da natureza. Essa é a primeira paixão. Depois, comecei a tocar violão e guitarra. E fui percebendo que o Renato era uma pessoa que se dedicava muito às coisas. O Renato é esse cara dedicado que vai fundo nas coisas que faz.

Como ocorreu a transição da música para o mundo empresarial?

Apesar do mundo da música ser incrível, não me dava o retorno financeiro que eu queria. Eu pensei: e se eu fizesse algo com a mesma dedicação, com a mesma intensidade no mundo dos negócios? Eu talvez conseguisse o retorno financeiro que esperava. Queria fazer algo que pudesse me dar retorno e fazer bem feito.

Como foi o início da sua vida no mundo executivo?

Eu tocava guitarra e violão até os 20 e poucos anos de idade. Então, eu comecei a me preparar para estudar nos Estados Unidos. Fui estudar nos Estados Unidos e lá tive a oportunidade de trabalhar na Warner Bros., a maior oportunidade do mundo, não é? Eu abracei aquela oportunidade. No trabalho, era o primeiro a entrar e o último a sair. E fui crescendo profissionalmente.

O que o levou a seguir o mundo da performance empresarial?

Uma das grandes dificuldades das empresas é fazer com que os seus funcionários atinjam melhores níveis de performance. Eu comecei a entender que nesse ramo eu poderia ajudar as pessoas, porque sempre tive alta performance em tudo que fazia. Comecei, então, a entender como eu podia ajudar as pessoas. Foi através dos meus livros. Meu primeiro livro, “A estratégia do tigre”, foi uma surpresa, porque fez muito sucesso. Hoje, na vigésima edição, foi lançado em vários países. Eu falo sobre isso: como você consegue fazer algo mais metodológico para atingir essa outra performance. Obviamente tem um mercado para isso.

O que seria a alta performance?

Seria você conseguir resultados de maneira consistente. Por exemplo, uma pessoa pode trabalhar dez horas por dia e ter zero resultado. Isso não é alta performance. Alta performance é quando a pessoa trabalha uma hora e consegue resultado de dez horas.

Teve algum momento na sua carreira que o marcou?

A primeira vez que eu fui fazer um trabalho, nos Estados Unidos, foi em um estágio. Era um estágio não remunerado, mas eu não sabia. Quando eu perguntei para moça quanto eles iam pagar por mês, eu fiquei meio chateado. Fui na sala da diretora de marketing do primeiro projeto, tinha que colar 5 mil etiquetas. E aquilo, para um cara que era músico, foi um choque. Eu colei as etiquetas. Quebrou meu ego, mas a humildade de voltar todos os dias para colar as etiquetas me levou a crescer na vida. A grande lição foi que, às vezes, o que não parece uma oportunidade, é a maior oportunidade da vida.

Por que é tão necessário falar sobre a cultura de inovação e liderança de alta performance?

Porque inovação é o motor que move qualquer tipo de negócio. Se você não inova, se você não faz um produto que cada vez fica diferente, melhor, e que resolve nossos problemas, você fica para trás. Se você não busca fazer algo diferente em qualquer coisa, fica para trás. Com as empresas é a mesma coisa. Aqueles que não evoluem desaparecem.

Como sua experiência em grandes multinacionais como Sony Pictures e Warner Bros. influenciou suas perspectivas sobre liderança e alta performance?

A experiência corporativa te dá muitas oportunidades como liderança e uma oportunidade de criar novos relacionamentos corporativos. Com as experiências na Sony e na Warner, comecei a empreender e criar empresas. Isso também impulsionou minha carreira como palestrante e autor, pois minhas diversas experiências em um mundo diferente puderam me conferir autoridade para falar sobre diversos assuntos

Como presidente da Trabalhando.com no Brasil, qual foi o maior desafio que o senhor enfrentou?

Ali, eu comecei uma empresa do zero. O maior desafio foi atrair pessoas em uma empresa que está começando. Uma pessoa, por exemplo, quer trabalhar em empresas que já estão com sucesso. Esse foi o desafio que eu tinha: mostrar para essas pessoas, em uma visão de futuro, que elas gostariam de estar fazendo parte e se sentirem incluídas nisso e continuar.

Como a exposição na mídia contribui para promover a alta performance?

A exposição na mídia desempenha papel crucial ao permitir que as pessoas conheçam meu trabalho. A partir do momento em que me familiarizo, e com meus livros e outras realizações, essas pessoas buscavam mais informações e essa consciência ficava gravada em suas mentes: "Eu preciso melhorar em alguns aspectos". Portanto, a disseminação de informações contribui para auxiliar as pessoas com a necessidade de evoluir.

Qual é o principal insight que o senhor transmite aos participantes de sua palestra "A Estratégia do Olho de Tigre"?

Mostrar às pessoas que existem caminhos que não são miraculosos é fundamental. Quando as pessoas compreendem isso, a probabilidade de alcançarem seus objetivos aumenta. Durante minhas palestras, busco orientar sobre os passos necessários para atingir esses objetivos, oferecendo uma abordagem realista e prática para que possam traçar seu caminho de maneira mais eficaz.

No livro "O Líder Alfa", você aborda a formação e motivação de equipes de alta performance. Pode compartilhar um exemplo de como esses princípios foram aplicados?

Um dos conceitos que falo no livro é que um bom líder tem que se tornar desnecessário. Mas como? A habilidade de um líder é desenvolver a equipe para que ele não esteja com seus funcionários. Se ainda precisa estar com seus funcionários, ele ainda não atingiu um nível alto de liderança. É um pouco fora da caixa essa ideia, mas o líder tem que se tornar desnecessário para poder evoluir.

Seus livros "A Estratégia do Olho de Tigre" e "O Instinto do Sucesso" exploram o papel dos instintos na busca pela excelência. Como você vê a relação entre instintos e performance?

Esse é um livro diferente, que muitas pessoas gostaram muito. Nós somos regidos por instintos. Um ser humano é um animal racional, tem todos os instintos que os animais têm. Se você entender como seus instintos funcionam, você pode direcioná-los para algo melhor.

Você mencionou pesquisas com grandes empresas globais para desenvolver uma cultura de inovação. Quais foram os elementos-chave identificados nestes estudos?

É a tolerância ao erro. Se você tiver tolerância ao erro e, obviamente, extrair informações do erro e corrigir, isso atrai inovação. Empresas que não têm tolerância ao erro estão fadadas a ficar paradas. Inovação não é uma característica de gênios, é uma disciplina. A cultura de inovação traz a disciplina de incentivar que as pessoas busquem a inovação. A terceira coisa fundamental para concluir isso é a inovação com propósito. Inovação apenas por inovar não oferece muitas vantagens. A verdadeira inovação tem sentido quando você identifica uma necessidade no mercado e a aborda ao inovar em seu produto ou serviço. Inovar sem um objetivo claro frequentemente resulta em perda de tempo.


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