Publicidade no agronegócio

Publicidade no agronegócio

Henrique Borges, 58 anos, é natural de Dom Pedrito, município da região de fronteira com o Uruguai, e um verdadeiro apaixonado pela vida rural.

Vitória Miranda

Com uma carreira consolidada na área de eventos e publicidade voltada ao agronegócio.

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Em ocasião do aniversário de 31 anos de carreira, o empresário fundador do Grupo Futura RS, primeira agência de publicidade focada no agronegócio, falou ao Correio do Povo sobre a trajetória das últimas décadas e os planos para o futuro.

Qual a sua ligação com o campo?

Sou do Interior, nasci no campo. Não tive clínica, hospital, médico, enfermeira. Nasci com uma parteira antiga, que era nossa vizinha. Eu sou a quarta geração da minha família que nasceu no campo. Sou de Dom Pedrito, na Fronteira, nasci a 1 km do marco que divide o Brasil com o Uruguai. Minha família tinha uma pecuária. A agricultura demorou para chegar à fronteira do Rio Grande do Sul, chegou na metade dos anos 70. Antes lá era só gado.

O que o levou ao mercado da publicidade e do agronegócio?

Sempre gostei de escrever, sempre li demais, sempre tive uma inquietude e curiosidade. Anos depois, descobri que o que move a humanidade é a curiosidade, a inquietude. Todas as grandes descobertas da humanidade aconteceram porque um curioso foi atrás e quis saber. Eu tinha um grande amigo que era diretor de uma empresa de remates, Gilson Torres, dono da Fogo de Chão Remates. Ele tinha que fazer um leilão de cavalo crioulo na época e me pediu uma dica. Dei uma opinião, dei outra, duas, três, quatro e acabei assumindo todo o leilão. E, então, fiz o primeiro leilão de cavalo crioulo que coordenei na vida, o Noite Crioula, em Dom Pedrito. Depois do primeiro leilão, segui fazendo algumas coisas para o próprio Gilson, dando ideias. Mas eu trabalhava na área financeira de uma cooperativa. Em 1988 saí da cooperativa e fui trabalhar no Jornal Ponche Verde, da minha cidade, fui ser gerente comercial. Lá fiquei vários anos e me aproximei do meio que eu viria a me apaixonar definitivamente.

Logo em seguida, em 1991, fui presidente da única edição privada do Ponche Verde da Canção Gaúcha, que é um festival da minha cidade que fez 38 anos em 2023. A prefeitura estava com dificuldades financeiras, não ia fazer o festival e, então, eu e um amigo, Ângelo Roberto Gomes da Silva, dissemos: “Deixa para nós, deixa que a gente faz”. Fizemos uma edição fantástica, tanto é que na primeira noite sorteamos um carro Pampa 0 km. Aí comecei a me aproximar dos eventos, a tomar gosto.

Em 1996, fundei um jornal, que está até hoje na cidade (Dom Pedrito), chamado Folha da Cidade, do qual eu era um dos diretores. E, em 1998, eu vim para Porto Alegre, a convite do leiloeiro Marcelo Silva, diretor da Trajano Silva, que é uma das grandes leiloeiras do país, para fazer um projeto para um grande cliente de Angus (raça bovina), que estava iniciando o criatório e fez uma das grandes campanhas de Angus do país, talvez da américa, da cabanha Catanduva. Fiz o projeto, fizemos o leilão e aí a coisa não parou mais, começaram a vir outras frentes, outros desafios. 

E como tem sido sua trajetória no setor? Quais são as experiências das quais mais sente orgulho?

Trabalhei como responsável do setor de marketing da Associação Brasileira de Angus durante 7 anos e depois para a Associação Brasileira de Brangus, depois, de 5 a 6 anos na Associação Brasileira de Hereford & Braford, só aí as três principais associações do agronegócio no país.

Na Associação Brasileira de Angus, criamos o Jornal Angus News, que circula até hoje, a revista Angus News e, o fato mais importante, a minha empresa criou a marca da carne Angus brasileira, que está no mundo hoje, em mais de 30 países. Depois disso, trabalhei em todos os grandes eventos do agronegócio do país. Na Expointer, estou há 28 anos ininterruptos trabalhando lá dentro, com diversos clientes. Também fiz as campanhas dos maiores leilões de Brangus e Angus do mundo, da história, ambos da cabanha Olhos D’água, do Alegrete. O maior leilão de cavalos crioulos do mundo, liquidação da cabanha Firmeza, da família Mogli, de Bagé, fui eu que coordenei a campanha.

Em 2021, o Sindicato Rural de Lavras do Sul me chamou para apresentar o projeto do Universo Pecuária e, assim, fui um dos coordenadores do evento em 2022, que é um dos grandes eventos da pecuária sustentável que acontecem no mundo. Vai acontecer em 2024, agora em maio, a segunda edição em Lavras do Sul. 

Em 2023, no primeiro semestre, fui coordenador executivo do Pampa em Evolução, um evento de técnica, tecnologia e negócios que acontece em Dom Pedrito. E, agora, neste momento, estou trabalhando como coordenador-executivo da Fenagen, a Feira Nacional de Genética, que vai acontecer em Pelotas em julho de 2024, envolvendo criadores do Brasil inteiro.

Na área de edições, sou diretor da Revista do Cavalo Crioulo (Revista Crioulos), já editei a revista Ovinos, dirijo há 14 anos a revista Lavras Rural, que é uma revista voltada para o agronegócio de Lavras do Sul. E, agora, mais recentemente, começamos a produzir a revista Bagé Rural para a Associação Rural de Bagé.

Quais transformações o senhor viu acontecer nestes 31 anos no setor?

A maior transformação que eu vi acontecer é que os produtores rurais se conscientizaram de que tinham uma empresa nas mãos. A grande maioria já virou empresário rural, passaram de donos de fazenda para empresários. Isso foi muito bom para o negócio deles, muito bom para a funcionalidade dos colaboradores e muito melhor para o Estado e país em si, porque quando você toca a produção como uma empresa tu consegues enxergar o macro, onde está errando e onde pode ser mais eficiente. Da porteira para dentro, todos eles já sabiam trabalhar muito bem, mas da porteira para fora não tinham noções de gestão e do universo da globalização.

Quais os planos para os próximos anos?

Na verdade, o plano dos próximos anos é me aposentar (risos). Tenho um propósito que é trabalhar até uns 65 anos e realmente depois quero parar, porque tenho planos pessoais. Estou escrevendo há 8 anos 2 livros e não terminei nenhum. E também quero voltar para o campo. Hoje moro e trabalho na Capital. Estou sempre no campo porque atendo pessoas no campo, mas estou sempre indo e voltando. Quero fincar raízes de novo.

"A maior transformação que eu vi acontecer é que os produtores rurais se conscientizaram de que tinham uma empresa nas mãos. A grande maioria já virou empresário rural, passaram de donos de fazenda para empresários."

Henrique Borges                                                                                                                                                                  


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