Uma jornada de dedicação

Uma jornada de dedicação

Luiz jamais imaginou que sua jornada o conduziria à posição de Rei Momo de Porto Alegre.

Vitória Fagundes

Luiz Pablo Gawlinski, mais conhecido como "Japa"

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Aos 33 anos, ele não apenas reina nas festividades carnavalescas, mas também concilia essas celebrações com sua vida profissional cotidiana. Em uma entrevista ao Correio do Povo, Japa revela que sua entrada no universo carnavalesco aconteceu tardiamente, somente em 2009. Para ele, o Carnaval não é apenas uma festa, mas uma expressão emocional que contagiou não apenas ele, mas também sua família e seu círculo social. Entre os flashes dos eventos e as responsabilidades de seu reinado, Gawlinski promete elevar a tradição do carnaval e unir a festividade a iniciativas de inclusão na capital gaúcha.

Quem é Luiz Pablo Gawlinski?

Luiz Pablo é um pai de dois filhos, desempenhando o papel de cuidador de seu próprio pai, que enfrenta problemas cardíacos. Além disso, é fotógrafo e trabalha como soldador. Como se não bastasse, Luiz Pablo também ocupa a posição de Rei Momo, demonstrando constante movimento e dedicação não apenas ao carnaval, mas também à sua família. Ele vive diariamente esses dois papéis desafiadores, equilibrando suas responsabilidades com maestria.

Como você se sente ao ser escolhido como o rei Momo do carnaval de Porto Alegre?

Minha família nunca teve uma ligação forte com o carnaval. Eu construí minha própria relação com essa festividade por meio de um relacionamento que tive lá atrás, em 2009. Minha antiga companheira foi quem me introduziu ao mundo do carnaval. Dentro desse universo, me encantei com a criatividade da equipe que trabalha nos barracões, criando um mundo dentro deles. Esse amor pelo carnaval cresceu, e hoje, ocupar o papel de Rei Momo, uma figura máxima nessa celebração, me impulsiona a querer compartilhar ainda mais essa paixão com aqueles que, assim como eu, não tinham noção de tudo o que acontece nos bastidores. Ser Rei Momo proporciona a oportunidade de levar o carnaval a pessoas que não têm fácil acesso a essa experiência, especialmente crianças e lugares onde a festividade não chega facilmente.

Quais são as suas responsabilidades e funções como Rei Momo?

Ano passado, a prefeitura de Porto Alegre divulgou um novo regulamento que permitia a escolha anual do Rei Momo. Na época, eu era fotógrafo de Avenida no carnaval e recebi o convite para representar uma escola de samba. Diante desse convite, me dediquei ao máximo, pois ser Rei Momo é muito importante e desperta a imaginação das crianças. Falar de Rei Momo é como falar de Natal e Papai Noel. Investi tempo estudando sobre o papel do Rei Momo, aprendi sobre o que fazer, como agir e o que evitar, me empenhei no concurso, que acabei vencendo e, nesse ano, fui conduzido novamente para mais um ano de reinado.
Durante o ano, visitamos escolas e a corte é recebida calorosamente. Na época do carnaval, nos tornamos os anfitriões, recebendo todas as escolas na cabeceira da avenida para dar início às festividades. Ao longo do ano, procuramos levar a função do carnaval aonde não alcança, por meio de projetos sociais voltados para crianças em colégios e escolas públicas.

Quais são suas principais inspirações?

Tenho uma grande inspiração em Fábio Verçoza, que foi Rei Momo por 10 anos aqui em Porto Alegre. Quando cheguei ao carnaval, ele já ocupava esse cargo, e nunca me aproximei dele. Verçoza dedicava tempo para aprender sobre os serviços, inclusive visitando hospitais como parte de seu projeto. A função que ele exercia era muito significativa. Quando surgiu a oportunidade de me tornar Rei Momo, quis dar continuidade a esse legado. Tenho trabalhado com ele como uma fonte constante de inspiração, buscando incorporar todas as partes boas e as ações benéficas que ele realizava. Meu objetivo é seguir seus passos e contribuir da melhor forma possível para a comunidade.

Qual é a importância do carnaval para a cultura de Porto Alegre?

O carnaval, para a cultura, engloba muitas coisas, inúmeras histórias. Ele traz a questão da percussão entre as danças e a cada movimento desses existe uma história, uma cultura e uma arte envolvida. Portanto, o carnaval abrange todos os aspectos da cultura e como você encara o desafio de representar a alegria e a festividade, que são características marcantes, especialmente aqui no carnaval de Porto Alegre.

Como você encara o desafio de representar a alegria e a festividade característica do carnaval?

Nunca fui de me destacar, mas quando coloco a coroa, surge um personagem. Não é um personagem criado para o carnaval, mas consigo me libertar da minha timidez. É uma alegria ver o brilho nos olhos das crianças, algo que tenho muito em mente. Tenho uma grande paixão por isso, e ao vê-las, percebo o cuidado e o brilho que dedicam. Isso é o que mais me faz feliz.

Quais são as expectativas para o carnaval deste ano?

Este ano é particularmente positivo para o carnaval, uma vez que houve o retorno de investimentos e até mesmo patrocínios. Embora o carnaval não possa ser exatamente como nos tempos áureos do passado, há um crescimento notável em termos culturais. A prefeitura está proporcionando incentivos culturais, e estamos recebendo um apoio muito mais robusto devido aos investimentos. A possibilidade de reviver um período áureo para o nosso carnaval parece real, e isso é motivo de otimismo para todos os envolvidos.

Quais são os momentos mais memoráveis que você viveu como Rei Momo nos carnavais passados?

Como este é o meu segundo ano no carnaval, o momento mais marcante foi no ano passado, quando pisei pela primeira vez na avenida. Antes disso, eu sempre estava na arquibancada ou trabalhando nos bastidores. Neste ano, estar na Avenida representando a figura máxima, com três pessoas olhando e aplaudindo, foi algo especial. Ver como as pessoas tratam a corte, o carinho e cuidado que dedicam, é algo que realmente muda a perspectiva. A primeira vez que pisei na Avenida como Rei Momo foi um momento inesquecível para mim.

Como a sua trajetória pessoal contribuiu para a sua participação no carnaval?

Este ano, estou envolvido em muitos projetos sociais com crianças. Determinei para mim mesmo que gostaria de viver essa experiência ao máximo durante todo o ano como Rei Momo. Assim, busco conhecer todos os projetos, ajudar com lanches, conversar com as crianças e explicar a função. A função de Rei Momo nem sempre é bem compreendida, e é importante sair da vitrine, conversar de igual para igual com as crianças, mostrar a coroa e explicar o significado da faixa. Minha missão ao longo do ano é viver plenamente essa experiência e me aproximar ao máximo das pessoas.

"Ver como as pessoas tratam a corte, o carinho e o cuidado que dedicam, é algo que realmente muda a perspectiva. A primeira vez que pisei na Avenida como Rei Momo foi um momento inesquecível para mim."


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