Domínio

Domínio

Alina Souza

Capão da Canoa

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Tão forte o mar. E inconstante. Ora chega cristalino, convidativo. Combina-se ao sol ardente, intensifica a sede, transforma-se no lugar onde navegam desejos. Ora se veste de marrom e abocanha a areia com a face densa, sem querer prolongar conversa. O menino teve sorte, enfim. Quase uma piscina gigante, porém com ondas, espuma. Sal. Algas. Peixes. Surpresas. A vontade de mergulhar mistura-se ao medo de perder-se em meio às rendas desse enorme tecido. Justo temor. É preciso encontrar a dose certa. Não só na praia. Em todos os oceanos da vida. Medir o preparo. Avançar com cautela. Não se iludir com as cortinas. Receio não é fraqueza. Na medida adequada, compõe a base da sensatez. A dúvida nos faz procurar o conhecimento. Dominar o território para não cair nos buracos. Admito: tenho medo. Todos temos. Ele nos protege. Avisa sobre os perigos, alerta em relação às consequências. Mas, que não se faça dono dos atos e seque a garganta. Não impeça suaves ousadias. Permita refrescar os pés, sentir uma fisgada de curiosidade, fascínio. Maresia. Imensidão.


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