Parada

Parada

Tantos conteúdos e estímulos acabam reverberando no corpo, no caminhar, na extrema vontade de se escorar em algo que aguente a dimensão da nossa imensidão.

Alina Souza

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Estamos cansados, isso é fato. O ônibus demora, o calor sufoca, o trânsito congestiona, o fim de semana passa rápido e a segunda-feira surge na esquina, com todas as suas demandas — sacolas carregadas de atividades. Tais desafios, conteúdos, estímulos acabam reverberando de alguma forma no corpo, no caminhar, na extrema vontade de se escorar em algo que aguente a dimensão da nossa imensidão. Na breve pausa de domingo (torço para que ela exista), nos resta refletir. Às vezes há um desconforto no ato de olhar para dentro de si, ficar diante do ócio e do temido “tédio”. Mas vale a pena desligar o botão da máquina. Deixar o nada dançar e cantar na nossa frente. Talvez olhar a paisagem, talvez sentir a respiração. E sentirmos que viver pode ser sim só esta planície de momentos mais ou menos parecidos, sem acontecimentos extraordinários: morna. Feita de fases. Logo a mornidão dá lugar a outras sensações, inclusive arrepios. Vamos vivendo, deixando acontecer, aproveitando intervalos, alimentando-nos de instantes afetivos — sobretudo afetivos conosco mesmos — pois são eles que constroem a estrutura mais resistente para nos apoiar.


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