Um escritor acerta as contas com o passado

Um escritor acerta as contas com o passado

Tailor Diniz lança hoje seu novo livro "Novela Interior", sobre um autor que decide parar de escrever e se depara com histórias de 50 anos

Luiz Gonzaga Lopes

Tailor Diniz com o novo livro que será lançado hoje no Terezas

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A capacidade de fluxo narrativo, de contar histórias com pormenores, de transitar entre fronteiras temporais e físicas, como a do Brasil e Uruguai, é um pouco do que define a escrita do jornalista e escritor Tailor Diniz. Ele lança nesta quinta-feira, às 18h30min, no Terezas Café (Giordano Bruno, 319), o seu novo livro “Novela Interior” (Quintal de Letras, 2023, 132p.). A sinopse da obra trata de um escritor que aos 60 anos decide abandonar a escrita e se refugiar na sua cidade natal, Capim Roçado, sem contato com Porto Alegre, mas que em suas crises de abstinência de escrita acaba se deparando com um acontecimento fantástico e revira o seu passado de 50 anos atrás, quando deixou a pequena cidade.

Este é o terceiro de uma série iniciada em 2021, que seguiu com “O Clube dos Sobreviventes” e “Porto-Alegreanos”, de 2022, ambos lançados pelo selo Class, da editora Bestiário. A quarta obra tem previsão de lançamento para outubro e já está com direitos de adaptação para o cinema vendidos a Paris Filmes/Accorde, ainda sem título definido. 

Sobre este livro, Tailor diz que “é um texto mais coloquial, mais ‘proseado’, descompromissado, mais livre. Não tinha me dado conta disso. Fui alertado pela amiga Paula Sperb, jornalista especializada em literatura. Uma linguagem aparentemente coloquial que enrosca o leitor na trama. ‘É como a voz de um amigo que te convence a sair de casa quando tu não quer sair.’ Acho que esse jeito de narrar talvez tenha a ver com o isolamento social, quando escrevi o primeiro livro dessa série de três.

As narrativas são praticamente todas na primeira pessoa, em que o narrador (ou personagens), sempre se ressente do isolamento social e vê ali uma possibilidade de conversar. O leitor é mais ouvinte do que leitor, mas sem se dar conta. Quando vê a história terminou e ele nem percebeu, mas convencido do que ouviu/leu”, afirma o autor.

A motivação para escrever este livro é íntima e pessoal, mimetizando uma decisão tomada e não acatada. “O motivo foi uma decisão que pensei em tomar há uns quatro anos, de não escrever mais, de abandonar a literatura. Depois disso, escrevi quatro livros (o quarto sai em outubro) dois roteiros de filmes e uma participação como corroteirista de uma série, que deve estrear em junho. Um alerta: de autobiográfico só tem isso (risos).

O resto é ficção, elementos da trama que surgiram no decorrer da narrativa, fatos que se relacionam, que a gente pensa que são coisas novas, mas que existiam há meio século. Como as fake news, por exemplo. Sempre existiram. A diferença é que agora, com as redes sociais, elas se propagam com mais velocidade e força”, diz Tailor. 


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