O debate amplo e necessário sobre Segurança Pública

O debate amplo e necessário sobre Segurança Pública

A troca de experiências e programas feitos em países da América do Sul mostram que com diálogo é possível uma sociedade segura

Oscar Bessi

publicidade

O grande mérito da Connex 24, em Pelotas (RS), é a amplitude do debate mais que necessário e urgente sobre este tema tão complexo que é segurança pública. O encontro internacional reuniu profissionais da área, gestores públicos, educadores, empresários e membros da comunidade em geral num encontro cheio de variedades interessantes. Prevenção, tecnologia, intercâmbio de ideias, questões pontuais e urgentes e muito diálogo sobre gestão. Afinal, a gestão será o grande facilitador – ou complicador – de uma política de segurança pública com resultados positivos. E não há outro resultado que se queira que não seja o afastamento do medo como integrante do cotidiano das pessoas. É uma luta inglória não só no Brasil, mas na esmagadora maioria dos países da América Latina e do chamado “terceiro mundo” como um todo. Há que se frisar: o Rio Grande do Sul experimenta, nos últimos anos, uma diminuição dos índices de crimes e violência a olhos vistos, algo que talvez nenhum outro estado brasileiro já tenha conseguido. Não com números tão expressivos e na contramão de um país inteiro.

Particularmente, me agrada a mescla sempre saudável e nem sempre seguida neste tipo de evento, de vozes profissionais, que exercem a segurança pública de fato no seu cotidiano, e que conhecem toda a problemática por dentro, com suas vivências, experiências, trunfos, caminhos, falhas e pressões, com as vozes que estudam cientificamente o problema. Unir as pontas diversas, neste emaranhado nada simples e disforme de realidades, e aí sim encontrar soluções mais abrangentes. Ouvir e compartilhar a percepção dos que enxergam a coisa toda sob diversos ângulos, muitas vezes limitados e carentes de novas interpretações que só outros atores do cenário conseguirão mostrar, é criar caminhos sem se precipitar. É construir de fato. O que mais precisamos no nosso país, além da óbvia vontade de fazer algo, é a construção de caminhos definitivos, que deixem de lado ideologias fanáticas que interrompem projetos a cada mudança de governo, e pensem no bem coletivo, nas realidades urgentes e no amanhã como o maior objetivo de todos.

Dentre as presenças fundamentais no evento, destaco a delegação colombiana, composta por diversas autoridades capazes de trazer suas experiências, de gestão ampla, naquele que talvez seja um dos grandes marcos de mudança na história recente. Do oceano de medos e horrores vividos nos anos 1990, para uma realidade composta por inclusão e transformações significativas. Claro, não sem dificuldades e ondas de refluxo, como inclusive se percebe atualmente. Mas é um país que tem muito a ensinar sobre enfrentamento de cartéis de drogas, corrupção, exclusão, opressão do crime e miséria. Os Centros Comunitários da Paz, criados em Pernambuco, também presentes através do seu criador, é umas das iniciativas brasileiras que precisa ser bem estudada e avaliada, para crescer e melhorar ainda mais. Enfim. Que grande notícia, a Connex 24. Que grande esperança nos dá ver tantas cucas brilhantes a fim de construir uma nova visão num dos pontos mais sensíveis da nossa realidade. E é claro que um encontro desses só poderia acontecer aqui, no Rio Grande do Sul.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895