Sobre a segurança pública brasileira

Sobre a segurança pública brasileira

É importante que os governantes invistam mais em segurança pública para que a população fique mais protegida

Oscar Bessi

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O Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou, esta semana, um raio-x atualizado sobre as forças públicas que atuam nesta área tão delicada, e complexa, em nosso país. O que preocupa mais é que o número de profissionais caiu significativamente na última década. Só nas polícias militares brasileiras, temos quase 7% de efetivo a menos do que há dez anos. E quantos criminosos temos a mais, considerando não só o aumento da população, mas dos problemas sociais e econômicos que vivemos? Afora, claro, a falta de seriedade de nossa legislação penal, que permite a um mesmo criminoso atacar dezenas de vezes o cidadão comum e mesmo assim conseguir perdões inexplicáveis. O total de policiais civis e peritos, fundamentais na elucidação de crimes e na produção das provas que poderão condenar criminosos, também diminuiu: 2% menos do que em 2013.

Aí vemos, pelo mesmo fórum, que o número de feminicídios no país cresceu 14% em doze meses, levantamento feito no final do ano passado. Que os crimes envolvendo racismo e homofobia aumentaram 50% só em 2022. Que os roubos de celulares seguem matando jovens estudantes e cada vez mais intensos e violentos. Que o trânsito segue violento. E nada disso se coíbe com discurso em reunião cuja única finalidade é só marca a próxima reunião. Estes problemas causam medo e angústia imensuráveis ao povo brasileiro. Ao cidadão comum que, em sua grande maioria, precisa encarar ônibus e trens no cotidiano de ruas violentas todos os dias, para garantir o seu discreto ganha-pão. E, é bom lembrar, já que o óbvio parece nunca ser visto por alguns, sem recursos para contratar segurança privada.

No RS, a Operação Golfinho divulgou dados que refletem essa lógica que, no país, parece que se tenta inverter, pelos números do Fórum: é óbvio que para enfrentar a criminalidade e proporcionar mais segurança aos cidadãos há que se ter mais policiais. Um efetivo da Brigada Militar foi, como todo ano, temporariamente destacado no litoral gaúcho, que é onde o movimento das férias de verão multiplica a população local e uma série de grandes eventos acontecem. O resultado foi diminuições consideráveis em crimes como homicídios e roubos de veículos e estabelecimentos comerciais. E o aumento de apreensões de drogas e prisões de criminosos. Por quê? Eram 833 brigadianos em mais de duzentas viaturas, em média, todos os dias. É assim. Onde tem polícia, tem segurança. Que bom que o governo do RS anunciou, na mesma semana, que todas as forças de segurança serão reforçadas em seus efetivos. Que siga assim. E se o Brasil quiser deixar para trás seus dias de medo, os gestores públicos precisam urgentemente repensar seus investimentos na área.


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