Telas que aquecem

Telas que aquecem

Crianças e adultos assistem a filmes em abrigos das enchentes

Cinema nos abrigos mostra força interativa da arte com a vida

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Entre as diferenças das enchentes de 1941 e a deste ano no RS, o audiovisual tem marcado sua presença de maneira fundamental. Há alguns cinemas funcionando no Estado, mas o fluxo de espectadores diminuiu drasticamente. Compreensível. Hoje há muito mais gaúchos preocupados com uma situação de sobrevivência já que, de alguma forma, foram atingidos pelos efeitos das enchentes. Mas o universo audiovisual segue presente no RS, não só nestas poucas telas abertas. Por iniciativas institucionais ou individuais, abrigos em que estão os desalojados das enchentes têm sido locais de exibições de filmes, tanto para crianças quanto para adultos. Criando um clima de afeto, acolhimento e afago em um momento tão difícil e traumatizante, as exibições têm servido para transportar a imaginação deste público tão especial para outros universos, ainda que por algumas horas. Aqui vale aplausos para as atividades realizadas neste âmbito na capital e também no interior do RS. Destaco aqui os projetos “Cine Vida” e “Cine Abrigo” em Porto Alegre, e as exibições que ocorrem em Novo Hamburgo, iniciadas pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) nos abrigos da Fenac, com apoio da iniciativa privada, e do Sesi local, seguidas pela Secretaria de Cultura do Município (Secult), com telão no ginásio da Brigada Militar. Todas têm transformado os espaços. Entre a tristeza das perdas e da incerteza de futuros, momentos de vivências mágicas proporcionadas pelas projeções podem renovar ânimos e elevar estimas. Alguns dos títulos que mais encantam são aqueles que movem o imaginário desta sensível audiência. Nesta lista entraram "Toy Story", "Divertidamente", "Shrek", "Meninos", "Rio", "Os Incríveis", "Zootopia" e "Carros". E no mundo das comédias, proporcionando importantes momentos de risos soltos, as escolhas que também podem inspirar têm sido as exibições da trilogia brasileira "Minha Mãe é uma Peça", "O Diário da Princesa", "Sexta-Feira Muito Louca" e "Uma Noite no Museu". Os problemas não se resolvem com as exibições. Mas, sem dúvida, elas renovam forças.


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