Campo magnético em espiral é visto ao redor do buraco negro central da Via Láctea

Campo magnético em espiral é visto ao redor do buraco negro central da Via Láctea

Buraco negro Sgr A* possui uma massa 4 milhões de vezes maior que a do nosso Sol

AFP

Campo magnético em espiral é visto ao redor do buraco negro central da Via Láctea

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Astrônomos descobriram poderosos campos magnéticos que se enrolam em espiral ao redor do buraco negro supermassivo Sagitário A*, localizado no coração da Via Láctea, anunciou, nesta quarta-feira, o Observatório Europeu do Sul (ESO). Produzida em colaboração com o Telescópio do Horizonte de Eventos (EHT), a imagem de luz polarizada revela uma estrutura surpreendentemente semelhante à observada no buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia M87, o primeiro do qual uma imagem foi obtida.

'O que vemos agora é que existem campos magnéticos fortes, torcidos em forma de espiral e organizados próximos ao buraco negro no centro da galáxia Via Láctea', afirmou Sara Issaoun, bolsista de pós-doutorado no Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, nos Estados Unidos, e colíder do projeto. Sagitário A* 'possui uma estrutura de polarização surpreendentemente similar à observada no buraco negro M87*' e 'aprendemos que os campos magnéticos fortes e ordenados são fundamentais para a forma como os buracos negros interagem com o gás e a matéria ao seu redor', detalhou.

A observação em luz polarizada permite isolar uma parte da radiação luminosa e revelar algumas de suas peculiaridades.

Os buracos negros supermassivos ficam no centro das galáxias, com massa entre um milhão e bilhões de vezes a do Sol. Supõe-se que tenham aparecido muito cedo no universo, mas sua formação ainda é um mistério.A massa dos buracos negros é tão grande que sua atração gravitacional impede até mesmo a saída da luz - daí seu nome - e, portanto, não podem ser observados diretamente.

Mas com M87* em 2019 e Sagitário A* em 2022, o EHT capturou a imagem do halo de luz que é produzido pelos fluxos de matéria e gás que o buraco negro atrai e parcialmente rejeita. 'Ao obter imagens da luz polarizada proveniente do gás quente e brilhante próximo aos buracos negros, estamos deduzindo diretamente a estrutura e a força dos campos magnéticos que atravessam o fluxo de gás e matéria dos quais se alimentam e, ao mesmo tempo, expulsam', explicou Angelo Ricarte, bolsista de pós-doutorado da Iniciativa de Buracos Negros de Harvard e colíder do projeto.

Por sua vez, Mariafelicia De Laurentis, responsável adjunta do departamento científico do projeto EHT, apontou que com uma amostra de dois buracos negros 'é importante determinar no que eles se assemelham e no que se diferem'.

'Em ambos os casos, os dados indicam que possuem campos magnéticos fortes, o que sugere que essa pode ser uma característica universal e talvez fundamental desse tipo de sistemas.'


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