Além da barragem que rompeu em Bento Gonçalves, outras cinco estão em estado de alerta e de evacuação no Rio Grande do Sul

Além da barragem que rompeu em Bento Gonçalves, outras cinco estão em estado de alerta e de evacuação no Rio Grande do Sul

Prefeituras das regiões ameaçadas colocam planos de emergência em ação; mais de 13 barragens causam preocupação no Estado

Vitória Miranda

Com risco de rompimento de uma das barragens do Complexo Dal Bó, Defesa Civil de Caxias do Sul ordenou remoção imediata das famílias que residem em áreas de risco.

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Foi confirmado no início da tarde hoje um rompimento na barragem da Usina Hidrelétrica 14 de julho, da Cia Energética Rio das Antas (Ceran), localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves. A liberação da água represada deve provocar uma vazão de água do Rio Taquari e da bacia do Rio das Antas em direção a municípios mais baixos.

Moradores de áreas de risco já haviam sido alertados na tarde de quarta-feira pela Ceran sobre o risco de rompimento e estão sendo orientados a deixar suas casas o quanto antes, bem como a não se aproximarem do leito do rio.

“A gente retirou o pessoal que vive nesses locais para evitar qualquer risco às famílias. Reforçamos que as pessoas precisam se afastar em pelo menos 4 metros da área de risco”, reforçou o prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira.

Segundo o Governador Eduardo Leite, a Defesa Civil do Estado está com dificuldades de contribuir com avaliações técnicas por conta do mau tempo. “As condições climáticas estão impedindo de levarmos aeronaves com técnicos até o local”, afirmou Leite.

Segundo o governo do Estado, o rompimento está sendo investigado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela barragem. Conforme a Aneel, a estrutura já estava submersa e a Ceran identificou uma movimentação mais turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da chamada ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada.

"O grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo a Santa Bárbara e Santa Tereza. A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho", disse o secretário da Casa Civil, Artur Lemos, que está no gabinete avançado no distrito de Farias Lemos, em Bento Gonçalves.

A equipe da Casa Civil no gabinete avançado está agora fazendo contato imediato com os municípios abaixo da barragem para iniciarem a evacuação de áreas, sendo eles Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado.

Outra barragem, da Corsan, também está ameaçada em Bento Gonçalves:

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) também emitiu no final da manhã de hoje uma Declaração de Emergência para a barragem São Miguel, que fica no Arroio Burati, no distrito de São Miguel, em Bento Gonçalves. “O estado de alerta deve-se ao desmoronamento da ombreira direita, estrutura que dá suporte à parte do reservatório, o que pode ocasionar rompimento parcial ou total da barragem”, diz a nota técnica.

Equipes da empresa estão no local orientando e auxiliando na evacuação completa e isolamento dos arredores, com a retirada de 170 famílias do Vilarejo de Integração Anjos Unidos, Club São Bento e Comunidade Espírito Santo (Pinto Bandeira). As pessoas estão sendo levadas para hotéis e abrigos da região.

"Neste momento, não há medidas que reduzam a pressão sobre a barragem a não ser que a chuva pare, o que não deve acontecer nas próximas horas de acordo com os serviços de meteorologia. Estamos focados na retirada das pessoas da região e, com o tempo melhor e um cenário climático mais estável, poderemos realizar uma série de intervenções de engenharia na barragem. Mas o momento agora é de cuidar de vidas", ressaltou o engenheiro civil Paulo Rosat, gestor de Segurança da Barragem São Miguel.

Corsan intensifica monitoramento

Na mesma nota, a Corsan afirmou ainda que reforçou o monitoramento em tempo real das 35 maiores barragens da Companhia. Com equipe especializada para o serviço, o sistema será atualizado, de hora em hora, 24 horas, com fotografias e vídeos realizados por drones.

O objetivo é tomar medidas preventivas caso seja constatado qualquer dano às infraestruturas de abastecimento. As notícias estão sendo atualizadas no site da companhia.


Barragens do Blang e Dal Bó também estão sob risco de rompimento

Barragem do Blang

No Rio Caí, a estrutura da barragem do Blang é de 1958, tem um comprimento de 720 metros e altura de 17 metros.

Municípios atingidos caso a Barragem Blang rompa:

  • São Francisco de Paula
  • Canela
  • Gramado
  • Nova Petrópolis
  • Vale Real
  • Feliz


Barragem Complexo Dal Bó

Segundo levantamento do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), desde segunda-feira choveu mais de 420mm em Caxias do Sul, sendo que a média histórica para o mês de abril é de 130mm.

Na noite de quarta-feira, a prefeitura emitiu um alerta de evacuação devido ao risco de transbordamento de uma das represas do complexo Dal Bó. A Defesa Civil está trabalhando para remover pessoas de áreas de risco.

De acordo com a prefeitura, no caso de rompimento da barragem São Miguel, do Complexo Dal Bó, cerca de 110 ruas do municípios ficariam alagadas. O tempo estimado de chegada da onda é de aproximadamente 2 segundos nas ruas mais próximas e de 2h30 até foz do rio das Antas.

“Com calma, prudência e organização vamos chegar nesses locais, e contamos com a colaboração da população em respeitar os servidores municipais e das forças de segurança”, comentou o prefeito Adiló Didomenico

Caxias do Sul tem risco de desabastecimento de água em dezenas de bairros

  • O sistema Marrecas está parado em virtude do rompimento da adutora neste feriado;
  • Samuara está parado em virtude de alagamento da estação de bombeamento;
  • Maestra está parada sem energia elétrica;
  • Faxinal está trabalhando com 50% da capacidade em virtude da turbidez (barro) na água bruta;
  • Dal Bó segue funcionando.

13 barragens no Estado estão em estado de alerta e outras causam preocupação

Segundo a Secretaria do meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) outras 13 barragens de usos múltiplos estão em estado de alerta, cinco delas já em processo de evacuação: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.

A Aneel e o Operador Nacional do Sistema (ONS) acompanham a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica no Estado que estão em atenção: Capigui, em Passo Fundo; Guarita, em Erval Seco; Herval, Santa Maria do Herval; Passo do Inferno, São Francisco de Paula; e Monte Carlo, Bento Gonçalves – Veranópolis.

Complexo Toropi–Guassupi

A companhia Rincão São Miguel Energética S.A é responsável pela administração de 4 barragens nos rios Toropi e Guassupi, que também estão em níveis alarmantes. As barragens são: Quebra-Dentes; Salto do Guassupi; Cachoeira Cinco Veados e Rincão de São Miguel

A Defesa Civil dos municípios de São Pedro do Sul, Quevedos, São Martinho das Serra, Toropi e Mata

foram comunicadas sobre o nível de alerta e emergência.

Barragens Hidrotérmica S.A.

As barragens administradas pela Hidrotérmica S.A. também causam preocupação pelo nível de água crescente. São elas:

  • Barragens Boa Fé, São Paulo e Autódromo, localizadas no rio Carreiro,
  • Barragens Jararaca e da Ilha, localizadas no Rio da Prata;
  • Barragens Palanquinho e Criúva, localizadas no rio Lajeado Grande.

Todas estão localizadas na bacia hidrográfica Taquari/Antas também encontram-se com dificuldade de acesso, devido aos altos volumes de chuvas nas regiões.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895