Após chuvas no RS, entidades seguem recebendo famílias

Após chuvas no RS, entidades seguem recebendo famílias

Estrutura está montada em unidade do Serviço Social do Comércio na Protásio Alves

Simone Schmidt

Ginásio do Sesc-RS acolhe mais de 300 pessoas

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Entidades seguem trabalhando em todos os cantos da cidade para acolher quem perdeu tudo nas cheias. Na unidade do Sesc-RS nos altos da Protásio Alves não é diferente. Antigamente conhecido como "Campestre", o local que abriga mata nativa e tem estrutura com espaços como piscinas e academia de ginástica, neste momento está com todas as atividades de lazer e esporte suspensas para dedicação total aos resgatados que chegam de regiões da área metropolitana de Porto Alegre.

O levantamento do total de acolhidos no ginásio de esportes já chegava a 329, de acordo com a assessoria de imprensa, que informa também que o sistema Fecomércio define a iniciativa de ajudar as vítimas das cheias como "investimento". O resultado, avalia a entidade, é ver as comunidades seguras e protegidas. Veículos da instituição estão todos a serviço dessa forca-tarefa. Funcionários também trabalham em todas as frentes, inclusive na cozinha preparando os alimentos para quem chega, iniciativa coordenada pelo Mesa Brasil.

Dentro do ginásio, em meio aos colchões já posicionados, os resgatados se organizam e secam as roupas que conseguiram trazer em varais Improvisados perto das arquibancadas.

Uma das funcionárias do Sesc-RS passou pelo susto de fugir da enchente em Eldorado do Sul. A auxiliar administrativa Karine Duarte Oliveira, 36 anos, está agora hospedada com amigos porque a casa onde morava de aluguel ficou inabitável. Os móveis e utensílios foram todos perdidos, e os pertences hoje se reduzem a uma mala, além da companhia do gato Pudim. Moradora do bairro Cidade Verde, ela conta que durante a semana passada a Defesa Civil já havia dado o alerta para que todos saíssem.

Karine comemorou por ter conseguido sair das águas e chegar a uma estrada | Foto: Karine Duarte Oliveira / Arquivo pessoal

Na sexta de manhã ela reuniu alguns pertences e colocou Pudim em um saco. Muito assustado, o gato de pelagem amarela se agitava por todo o trajeto. Seguiu a pé pela principal avenida do bairro com água acima da cintura por oito quarteirões até conseguir pisar em terra firme, na BR 290. A filha de 18 anos, que mora com ela, já havia saído de Eldorado no dia anterior junto com os avós, os pais de Karine que moram no mesmo bairro e igualmente perderam tudo, mas se abrigaram com parentes.

Quando se viu livre da inundação e já estava em local seco, na estrada, Karine tomou um ônibus para Porto Alegre, não sem antes perceber que naquele ponto da rodovia havia aproximadamente mil pessoas em busca de ajuda. "Estavam em desespero procurando por familiares", relembra. Agora em segurança e tentando fazer a rotina voltar ao normal, Karine sabe que nada será fácil. "Ali naquele local vai se repetir, e em breve. E o inverno nem começou ainda", conclui.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895