Atingidos chegam aos abrigos em São Sebastião do Caí em caminhões do Exército

Atingidos chegam aos abrigos em São Sebastião do Caí em caminhões do Exército

Apenas os veículos militares conseguem passar pela correnteza que passa pela ERS 122

Felipe Faleiro

Com a correnteza que passa pela ERS 122, apenas veículos do Exército consegue resgatar as pessoas da região de São Sebastião do Caí

publicidade

Pessoas resgatadas da enchente em São Sebastião do Caí começaram a chegar aos abrigos montados pela Prefeitura e pela própria comunidade no final da manhã desta quarta-feira. De acordo com a Prefeitura, são eles os salões paroquiais do bairro Conceição, Igreja Luterana São Jacó da Conceição, Associação de Campestre da Conceição e Associação de Moradores do bairro Quilombo. Entre eles, moradores que haviam ido ao local por conta própria ou trazidos por caminhões do Exército, os únicos que podiam ultrapassar a correnteza presente na ERS 122.

Os demais veículos foram impedidos de circular. Valdemar Batista Soares, morador do bairro Vila Rica, desempregado, chegou com o Exército acompanhado da esposa, Elisabete Catarina Batista Soares, abaixo de muita chuva. Ambos estavam bastante emocionados. Conforme o relato de Valdemar, duas casas desgovernadas colidiram com a dele enquanto ambos, que têm problemas de saúde, estavam em cima de um roupeiro, aguardando resgate, enquanto a água subia rapidamente.

“Tentei me preparar para a enchente depois de ver um aviso na televisão. Pedi um caminhão à Defesa Civil para levar meus pertences, mas não conseguiram chegar por causa do nível da água. Estávamos em cima do roupeiro e ouvimos dois baques muito fortes”, relatou o aposentado, que tentou quebrar o forro na sequência. Assim que puderam sair pelo topo da casa, começaram a gritar por socorro. “Quando estávamos quase desistindo, a ajuda veio”, prosseguiu. “Não comemos nada e tomamos aquela água suja”, disse Elisabete. O casal foi enviado para o Parque Centenário antes da igreja luterana.

A aposentada Silvia Maria de Azevedo Pereira relatou que perdeu tudo na enchente. Ela é moradora do bairro Navegantes, e também estava na igreja luterana. “Perdi inclusive uma máquina de lavar novinha. Não tenho mais cama para dormir, fogão, nada. Ganhei de alguém essas roupas que estou usando. São somente com minhas roupas, caí fora de casa e tomei a água da enchente. Vou precisar de doações. Perdi tudo. Essa enchente vai ser maior que a anterior. Ficamos bastante apavorados, mas nos tranquilizamos depois”, lamentou. Primeiro, ela foi encaminhada para o ginásio do bairro Rio Branco, sendo levada na sequência para a comunidade evangélica.

Na comunidade católica, a dona de casa Paula Eloisa da Silva estava com a pequena Lara, sua filha mais nova, de apenas três meses de idade. Os outros dois têm 21 anos, e tem transtorno do espectro autista, e a outra três anos. Os outros dois estão na casa de uma irmã, e mantêm contato frequente com a mãe. Eles haviam saído antes da enchente. “É horrível a angústia de não ser resgatada, enquanto a água vem subindo. Fomos resgatados por um caminhão da empresa do meu marido, que trabalha com agricultura”, relatou ela.

Também começam a chegar as primeiras doações de marmitas por parte do Exército. Antes, porém, funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social estão cadastrando as famílias necessitadas presentes nos ginásios, que somente deverão deixar os abrigos após permissão para voltar às suas casas.

Veja Também


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895