Defesa Civil prevê risco de inundação em cidades que margeiam a Lagoa dos Patos

Defesa Civil prevê risco de inundação em cidades que margeiam a Lagoa dos Patos

O alerta vai até às 17h desta segunda-feira

Angélica Silveira

O vento em direção noroeste, o que auxilia na vazão da água da Lagoa para o Oceano, pelo canal localizado em Rio Grande

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Com as cheias do rio Guaíba que afetam há vários dias Porto Alegre e cidades da região metropolitana como Guaíba, Canoas e Eldorado do Sul, por exemplo, os municípios do sul do Estado que margeiam a Lagoa dos Patos estão em alerta, uma vez que para que o Guaíba recue, necessariamente a água deve passar pela Lagoa dos Patos antes de chegar ao oceano. Com isto, a Defesa Civil emitiu um alerta na tarde deste domingo para o risco de inundação nestas cidades. O alerta é válido até às 17h de segunda-feira.

Por este motivo, algumas cidades começaram a retirar a população que mora na área costeira e já registram pontos de alagamento, como Pelotas, Rio Grande, São Lourenço do Sul e São José do Norte, por exemplo.

Em Pelotas, segundo a régua instalada no Trapiche, no Laranjal, a Lagoa dos Patos estava por volta das 18h entre 1,75 m e 1,80 m. Já a leitura do Canal São Gonçalo chegou a 2,03m. Embora tenha ultrapassado a cota de alagamento que é de dois metros, ainda não há relatos de invasão do São Gonçalo em locais próximos. Os primeiros locais que correm risco de inundação e que já tem registro da chegada da água são o Cedrinho, o Junquinho na colônia Z3 e Pontal da Barra, no Laranjal., Doquinhas e proximidades da ponte do Canal São Gonçalo.

Até as 17h, o abrigo da Z3 já contava com 32 famílias, cerca de 89 pessoas instaladas. Para um espaço do local também foram destinados mais de 20 animais, entre cães, gatos e aves. O abrigo da Escola Edmar Fetter recebeu no final da tarde nove famílias, 18 pessoas da região do Pontal da Barra, além de dois cães.

A Prefeitura anunciou a instalação de mais dois abrigos para o acolhimento de pessoas atingidas pelo avanço das águas em áreas consideradas de risco Além do abrigo já instalado, no salão paroquial João Paulo 2º, na Colônia de Pescadores Z3, outros dois já estão em condições de receber a população: na Escola Estadual Edmar Fetter, na rua cinco, 100, no Laranjal, e o outro no ginásio da antiga AABB, agora da UFPel, na rua Alberto Rosa, 580, no centro.

Em vistoria aos pontos dos novos abrigos e também ao trabalho de reforço na infraestrutura do dique na Estrada do Engenho, a prefeita Paula Mascarenhas destacou neste domingo a importância deste trabalho de auxílio às famílias e também de melhoria para ampliação da contenção das águas. "Na Z3 já estamos com bastante famílias no nosso abrigo, no Laranjal já chegaram as primeiras pessoas. Estamos trabalhando muito, fazendo a nossa parte caso haja necessidade, a orientação do Estado é para retirar as pessoas destas áreas de risco neste momento. Estamos monitorando toda a situação, recebemos a notícia de que as água estão fluindo para o mar, mas temos que estar preparados porque a gente sabe que ainda vem muita água, considerando ainda que qualquer mudança de vento pode alterar o cenário", afirmou ela.

Para a escola Edmar Fetter estão sendo direcionadas as famílias do Pontal da Barra. No ginásio da antiga AABB serão alojados os moradores da região das Doquinhas, na zona do Porto, caso haja necessidade.

Além do reforço das barreiras de contenção das águas na região do Quadrado, no Porto, o dique localizado na Estrada do Engenho também recebeu melhorias preventivas para impedir ou dificultar possíveis alagamentos. No local, a estrutura foi elevada por cerca de 500 metros com aterro e cascalho, ampliando em 80 centímetros a altura do dique. Na extensão entre a rua Tiradentes e o clube Saldanha da Gama, uma barreira com sacos de areia foi erguida por equipes do Sanep e da Sersul, por cerca de 300 metros, também com 80 centímetros de altura.

Conforme a Defesa Civil, os locais considerados mais críticos, com risco de inundação devido à elevação do nível das águas, são o Cedrinho e Junquinho, na Colônia Z3; Pontal da Barra, no Laranjal; Doquinhas e proximidades da ponte sob o Canal São Gonçalo. As equipes seguem monitorando as demais áreas.

As ações de resgate e auxílio às famílias são feitas por meio de um trabalho integrado entre diferentes forças de segurança e serviços públicos, como Defesa Civil, Bombeiros, Exército, Guarda Municipal e equipes das secretarias municipais de Assistência Social, Saúde, Serviços Urbanos, Obras e Serviço Autônimo de Saneamento de Pelotas (Sanep).

Para quem está em alguma área que ofereça risco devido a inundações e precise deixar o local e se dirigir a um dos abrigos deve entrar em contato com algum dos seguintes órgãos: Guarda Municipal (153), Corpo de Bombeiros (193), Brigada Militar (190), Defesa Civil (153) e Prefeitura (53) 9130.5062 (WhatsPel).

Na sede da Secretaria de Assistência Social (SAS), uma grande corrente de solidariedade mobilizou mais de 100 voluntários ao longo deste domingo no trabalho de recebimento, triagem e distribuição e carregamento dos donativos que chegam a todo instante. Todos os artigos doados são separados e organizados em sacolas para serem encaminhados aos abrigos e às comunidades que estejam precisando. Uma logística também está sendo pensada para também encaminhar parte das doações a outros municípios do estado que foram duramente atingidos com as inundações.

Doações de alimentos não perecíveis (principalmente), água, material de higiene e limpeza, roupas, cobertas e calçados podem ser feitas em dois pontos no centro: na prefeitura, em frente à praça Coronel Pedro Osório, e na sede da Secretaria de Assistência Social, na rua Deodoro entre Dom Pedro e Três de Maio. Quem quiser e puder ser voluntário junto aos abrigos pode se colocar à disposição por meio do WhatsPel. Todas as doações serão utilizadas no atendimento às pessoas que estão nos abrigos temporários.

Em São Lourenço do Sul, a Prefeitura suspendeu as aulas nas escolas municipais nesta segunda e terça-feira. A água avançou pela orla durante a tarde, a cidade está com 14 pessoas desabrigadas e a Lagoa dos Patos está 1,98m na cidade. Há vias com bloqueio devido o transbordamento, como a Avenida São Lourenço (em três trechos). Travessa São Lourenço. Alameda Mano Serpa, Rua Humaitá, Rua Gustavo Wienke, ruas Doca Serpa, São Paulo e São Lucas, Avenida Getúlio Vargas e ruas Anchieta, Sepé Tiaraju e Dionísio Aragão. A Prefeitura disponibilizou três abrigos, o Centro de Convivência Conviver, , o salão da Comunidade Nossa Senhora de Fátima e o Esporte Clube São Lourenço.

Na cidade de Rio Grande, o nível da Lagoa dos Patos estava 1,10 m acima do normal. O vento em direção noroeste, o que auxilia na vazão da água da Lagoa para o Oceano. Os locais que correm risco de grandes alagamentos são as três ilhas, Leonídio, Marinheiros e Torotama, além Lagoa Saco da Mangueira, Barra e demais regiões ribeirinhas. Segundo o mais recente boletim do município, segue a orientação que não se transite de carro pela rua Marechal Deodoro, pois o movimento pode levar água para as casas do locai. As águas podem ser vistas em três quadras da rua. Há pontos alagados também nas três ilhas. Há um abrigo montado no Esporte Clube Camponês, no Arraial. Outros quatro ainda estão sendo montados. Ainda não há desabrigados, mas 56 pessoas foram para a casa de familiares. Além das pessoas também foram resgatados 47 cavalos na ilha da Torotama. Os animais estão em um abrigo licitado pelo município. Na vizinha São José do Norte a Defesa Civil recebeu 140 chamados dos mais diversos, como pedidos para a colocação de lonas, aterros e barras de contenção. A travessia de balsa segue normalmente, assim como a de lancha para Rio Grande. As escolas Cívico Militar Cipriano Porto Alegre, Miguel Couto, Cristovão Pereira de Abreu, Sylvia Centeno Xavier, Renascer, Apolinário Porto Alegre e Coração de Maria, por ficarem em locais de risco, estão com as aulas suspensas nesta segunda-feira, a situação será reavaliada dia a dia.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895