Porto Alegre fecha comportas e Melo apela para que moradores saiam das ilhas do Guaíba

Porto Alegre fecha comportas e Melo apela para que moradores saiam das ilhas do Guaíba

Carros de som são utilizados para alertar pessoas a procurarem abrigos seguros

Correio do Povo

Prefeito Sebastião Melo falou com imprensa após fechamento de comporta

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A prefeitura de Porto Alegre está apelando para que moradores deixem suas casas na região das ilhas em razão da elevação do nível do Guaíba. Na manhã desta quinta-feira, o prefeito Sebastião Melo acompanhou o fechamento das comportas no Cais Mauá e informou que três carros de som estão percorrendo as ilhas para alertar às pessoas que aceitem o convite da prefeitura para procurarem locais seguros. “Temos ônibus, temos vans, contratamos rapidamente abrigos para animais, porque muitas pessoas não deixam seus locais porque não gostariam de deixar seus animais”, disse Melo.

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“Estamos providenciando tudo que é possível, mas tem que haver o aceite. Não gostaria de evacuar nenhuma pessoa. Eu gostaria que (houvesse) a consciência em primeiro lugar, porque os bens materiais a gente supera, mas a vida não”, destacou.

Melo alertou que os problemas ainda vão aumentar até o final de semana. “Quando chove no Rio Grande, especialmente nas cabeceiras dos rios (Jacuí, Sinos, Gravataí e Caí) e ao longo deles, você tem um duplo problema. Choveu até agora 280 milímetros, quase três vezes a média desta época, e tem mais 120 milímetros pela frente”, disse. Melo falou que houve medições próximas a 600 milímetros na Serra Gaúcha e na região de Lajeado, gerando um acumulado que ainda chegará à Região Metropolitana. O prefeito disse que está trabalhando com governança, solidariedade, decisão rápida e parceria para enfrentar o caos.

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A prefeitura busca apoio do Estado, do Comando Militar do Sul e da Brigada Militar para reforçar a estrutura de apoio e resgate, com helicópteros. O prefeito conversou com grupos de jipeiros, que conseguem acessar locais onde carros comuns não entram. Melo ainda pretende organizar barracas grandes, como cama e fogão, para pessoas que não queiram sair das ilhas. “Estamos atuando de todas as formas. Tem que haver compreensão. As pessoas querem que as coisas aconteçam um minuto depois. Em uma crise, você tem que estabelecer hierarquia nas prioridades, que é o que estamos fazendo”, afirmou.

Melo informou que já houve resgate de moradores na região da Avenida Juca Batista, havendo outras famílias esperando ajuda e outras que resistem a sair. “As pessoas têm pouco nas suas casas, têm medo de sair e perder o pouco que tem. Essa é uma realidade social que se abate em momento de crise”, frisou. O prefeito disse ainda que casas foram atingidas pelas águas do arroio Manecão, na região do Lami, afetando indígenas, que foram abrigados na Restinga. A prefeitura tem monitorado arroios como Sarandi e do Salso, que já transbordou.

A prefeitura também vistoriou uma represa na Lomba do Sabão que servia de ponto de captação do Semae. Segundo Melo, o sistema está funcionando, mas moradores não querem sair das imediações. A prefeitura está organizando espaços para abrigar flagelados no Pepsi On Stage, com capacidade para mil pessoas. “Agora temos 60 a 70 pessoas em abrigos”, disse Melo, pela manhã. A prefeitura também procura ampliar as vagas em prédios da Brigada Militar, está buscando apoio da Fiergs e se organizando no Centro Vida, na Zona Norte.


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