Retorno da Ceasa tem movimento acima do esperado

Retorno da Ceasa tem movimento acima do esperado

Operação foi instalada em uma estrutura montada emergencialmente no Centro de Distribuição da São João, em Gravataí, às margens da Freeway

Guilherme Sperafico

Retomada das atividades permite que os produtores voltem a comercializar seus produtos

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Após dois dias de fechamento devido às enchentes que afetaram o bairro Anchieta, em Porto Alegre, a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) retomou as atividades nesta quarta-feira.

Conforme o presidente da Ceasa, Carlos de Souza, o movimento do primeiro dia superou todas as expectativas. “Com a iniciativa, retomamos gradualmente o abastecimento de alimentos no Estado, fazendo com que as perdas de produção e financeira dos produtores sejam mitigadas”, disse ele.

Souza também destacou que o retorno serve de incentivo para a população. “Passamos uma mensagem de otimismo para os gaúchos ao mostrarmos que, apesar da tragédia pela qual passamos, o abastecimento de alimentos não vai ficar paralisado”, afirma.

A inundação no local onde opera a estatal ergueu uma lâmina d’água de 2,70 metros. Segundo Souza, a estrutura provisória deve funcionar por pelo menos 15 dias, até que a situação da sede se normalize e a limpeza dos espaços seja concluída.

A operação foi instalada em uma estrutura montada emergencialmente no Centro de Distribuição da São João, em Gravataí, às margens da Freeway, como parte de uma força-tarefa transversal do governo. A partir desta quinta-feira, o local funcionará das 9h às 15h.

O retorno das atividades da Ceasa, que é responsável pela distribuição de 54% dos hortifrutigranjeiros comercializados no Estado, é avaliada como sendo fundamental na reativação do abastecimento de alimentos à população, especialmente para as vítimas das enchentes. Algumas regiões enfrentam escassez de itens básicos devido aos danos nas rodovias.

A retomada da operação também reduz os prejuízos dos produtores permissionários – atualmente são 1579 agricultores, muitos deles tiveram suas lavouras severamente afetadas pelas fortes chuvas. A produção que sobreviveu à instabilidade meteorológica teria que ser descartada caso não fosse vendida.

O secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, desatcou que a abertura provisória evita que os produtores e comerciantes que já estão sendo penalizados pela perda de seus cultivos e produtos não sejam afetados mais uma vez. “Também enxergamos nisso uma alternativa para que a população não fique desabastecida", avalia.

Com as operações reativadas, a Ceasa contribui para o reordenamento da distribuição e para a estabilização dos preços dos alimentos. Atualmente, a central de abastecimento atende a mais de 300 empresas atacadistas, que distribuem mercadorias para centenas de varejistas em diversas cidades.

Produrores comemoram o retorno

O produtor Nadir do Santos conta que a reativação da Ceasa foi um sopro de esperança para família. Proprietário de uma chácara em Três Forquilhas, próximo do Litoral Norte, ele lamenta a perda de 70% da colheita com as chuvas, mas celebra o retorno rápido dos espaços de comercialização. “Hoje vendemos tudo o que sobrou da produção. Se não fosse o retorno da Ceasa, teríamos perdido tudo e ficaríamos sem renda por um bom período, até que conseguíssemos recuperar a plantação”, conta.

Segundo Santos, que atua na Ceasa há mais de 24 anos, a família levará em torno de três meses para recuperar o ritmo normal da plantação.

Proprietário da Vogel Embalagens, Marcelo Frare também comemora a iniciativa de retomada ágil das atividades da Ceasa, onde atua como permissionário há mais de sete anos. Ele calcula que a empresa deixou de faturar cerca de R$ 70 mil em apenas dois dias sem funcionamento, mas que o prejuízo seria imensurável caso não houvesse a reativação da central de abastecimento. “Se ficássemos parados, o prejuízo seria incalculável, poderia chegar a mais de R$ 200 mil, o que nos deixaria em uma situação muito delicada”, explica.

A vendedora de plantas Aldaisa dos Santos celebra a retomada das atividades na estrutura provisória, o que evitou a perda de todo o estoque recém adquirido pela empresa, calculado em mais de R$ 100 mil. Com o retorno das vendas, Aldaisa estima reduzir em mais de 50% o prejuízo financeiro. “A gente precisava voltar a trabalhar, essa é a nossa fonte de sustento. Estávamos com medo de ter que jogar fora todos os produtos. Se isso acontecesse, não sei se teríamos fôlego para continuar”, conta.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895