Sindicato garante abastecimento de GLP no RS mesmo com transporte comprometido pela enchente

Sindicato garante abastecimento de GLP no RS mesmo com transporte comprometido pela enchente

Moradores de Porto Alegre, porém, relatam dificuldades em encontrar o produto

Felipe Faleiro

Houve "ameaça real" de fechar a Refap pela enchente, afirmou presidente do Sindigás

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Assustado com as chuvas da semana passada, o zelador Angelo Felipe Martins, morador do bairro Belém Velho, na zona Sul de Porto Alegre, passou a procurar pela Capital no último sábado o botijão de gás GLP de 13 quilos. Contatou dez depósitos das zonas Sul e Leste, além do Extremo Sul, porém não localizou. “Todos os proprietários diziam a mesma coisa, não tinha abastecimento, os caminhões não vinham, havia problemas para trazê-los de Canoas”, relatou ele. O acúmulo de água em vários bairros deteriorou a situação, e a sensação foi de que, quem chegou primeiro, garantiu o produto em casa. “Soube de mais umas três ou quatro famílias que fizeram o mesmo e não conseguiram comprar”.

Com os principais acessos isolados até então, e ainda em uma situação precária nos caminhos de ida e volta, Porto Alegre vive algo inédito no abastecimento de muitos itens, inclusive essenciais. Não foi diferente no caso do GLP, mas, nas palavras do presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, o cenário está melhorando. “Tivemos um final de semana muito difícil, em primeiro lugar porque nossos empregados não conseguiram se deslocar para fazer o trabalho essencial de carregar e envasar o gás. Ou seja, primeiramente, tivemos uma questão social-humana”, disse Mello.

Com efeito, a fragilidade da economia desde então fez reduzir a demanda nos primeiros dias. Aos poucos, contudo, ela está se recuperando. “Hoje mesmo, tivemos a informação de que as empresas estão atendendo a 100% dos pedidos colocados, embora exista um atraso na reposição de produto. Desde segunda-feira, estamos atendendo praticamente na normalidade, e onde não há isto, estamos caminhando para o normal”, complementou o presidente do Sindigás.

Desde o último dia 2, o Instituto Brasileiro e Petróleo e Gás (IBP) divulga boletins diários sobre a situação do abastecimento e distribuição no Rio Grande do Sul. No mais recente, da última quarta-feira, o órgão informava que a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, operava “em carga mínima”, e que “as retiradas de GLP dos últimos dois dias permitem manter o cenário”, com a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária/PR, como alternativa, sendo que esta “mantém elevada a cota de entrega dos produtos (GLP, gasolina, S500 e S10) para auxílio ao suprimento do RS”.

Conforme Mello, houve “ameaça real” de fechamento da Refap pela enchente, o que poderia comprometer ainda mais a cadeia produtiva, mas isto não se confirmou. “Foi um susto”, resumiu ele. “Há a consciência das empresas e empregados de que não se pode parar, e ninguém está medindo esforços para isto continuar”. IBP, Sindigás, Petrobras e distribuidoras, entre outros entes, têm uma sala de situação de crise, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia, que acompanha a crise no RS.

Em nota divulgada na última terça, o IBP disse que “o estado de calamidade pública prejudica a logística de transporte em toda a região e altera a estrutura de consumo dos diversos combustíveis nas diferentes localidades, com impactos na programação das unidades operacionais”. Acrescentou ainda que “as operações das refinarias locais e das bases de distribuição seguem com suas contingências, visando ao atendimento dos clientes, o funcionamento dos serviços essenciais à população e o suporte às ações de resgate das vítimas, que estão sendo desenvolvidas pelas forças de segurança pública e defesa civil.”


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