Uruguaianenses cruzam a Ponte Internacional buscando o bronze dourado do verão

Uruguaianenses cruzam a Ponte Internacional buscando o bronze dourado do verão

Bronzeamento artificial seduz os uruguaianenses que se deslocam até a vizinha Paso de los Libres

Fred Marcovici

Em Paso de los Libres (AR) várias estéticas realizam o procedimento que é legal no vizinho país

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Para mulheres e homens, de todas as idades, que residem em Uruguaiana ou outras cidades de fronteira, correr riscos está na conta da cor de pele ideal pretendida pela pessoa que cruza a Ponte Internacional.

Absolutamente normal na Argentina, o bronzeamento artificial seduz os uruguaianenses que se deslocam até a vizinha Paso de los Libres, desconsiderando ou desconhecendo os riscos para a saúde, buscando o bronze dourado do verão.

Em 2009, a Resolução 56 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a utilização de equipamentos ou câmaras de bronzeamento artificial em todo o país e estima que o procedimento amplia em 75% o risco de melanoma, tipo de câncer que mais mata.

A medida que completou 14 anos em novembro passado e mantida judicialmente em julho de 2023, sustenta-se em não haver parâmetros de como determinar o nível seguro de exposição aos raios UVA – ultravioletas do tipo “A”, que podem causar uma série de doenças de pele.

O apropriado ainda é o tradicional banho de sol dentro dos horários saudáveis.

As profissionais e estéticas librenhas agendam os atendimentos presencialmente ou por meio das plataformas virtuais.

Em alguns casos, os pacotes nas “cabinas solares”, com seis sessões de 12 minutos cada, custam doze mil pesos ou R$ 52,20.

Há uma série de possibilidades por um custo razoável à futura cliente. Por uma sessão de oito minutos o valor é de R$ 8,70 – o equivalente a dois mil pesos argentinos. E o procedimento pode alcançar 12 sessões de 12 minutos por R$ 100,00 o pacote.

Os 12 minutos na câmara representam o mesmo que uma hora de exposição ao sol.

A comerciária Antônia de Castro, 30 anos, disse saber de algumas contraindicações, mas não quer chegar a Tramandaí como “Branca de Neve”. Ela diz pretender ganhar uma “corzinha” para ter tranquilidade nos oito dias que vai passar à beira-mar de férias.

O dermatologista Emílio Marques Mandarino, destaca o resultado nocivo para os olhos durante os procedimentos realizados nas câmaras e recomenda o uso de máscaras protetoras. Também afirma que os efeitos são cumulativos, quanto mais jovem e tempo de exposição mais prejudicial à saúde.

O paciente tem que estar ciente dos riscos, mesmo que feito apenas uma vez, qualquer exposição nessa câmara será prejudicial para a pele.

Alguns aparelhos bronzeiam sem deixar a pele vermelha e isso gera a falsa sensação de que não houve queimadura. Os raios UVA, que são emitidos pelos equipamentos, aumentam o melasma – condição que se caracteriza pelo surgimento de manchas escuras na pele, mais comumente na face, mas também pode ser de ocorrência extrafacial, afetando os braços, pescoço e colo, além de envelhecimento precoce e sardas brancas.

Em Uruguaiana, segundo Bianca Passos, fiscal-chefe da Vigilância Sanitária do município, no ano de 2023 uma única estética foi interditada por contar com duas câmaras e os responsáveis respondem a processo administrativo.


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