Veja 11 lições sobre gestão de desastres a partir da tragédia no RS, segundo o IPH da Ufrgs
Tragédia climática sobrecarregou estruturas de resposta de Proteção e Defesa Civil
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As chuvas intensas que atingem o Rio Grande do Sul desde o dia 24 de abril deixaram as estruturas de resposta de Proteção e Defesa Civil sobrecarregadas e até mesmo impossibilitadas de acessar áreas afetadas. Com isso, voluntários de diversos setores foram acionados e começaram a trabalhar no resgate da população em áreas de enchentes.
O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs publicou uma nota técnica com considerações sobre o trabalho da equipe de apoio a emergências do instituto, apontando perspectivas futuras de gestão de desastres, especialmente sobre a fase de resposta.
Além de realizar resgates, o IPH atuou fornecendo informações das simulações
computacionais para auxiliar na tomada de decisão e coletar amostras para avaliação da qualidade da água e dos sedimentos. A partir disso, diversas lições foram obtidas:
• Em momentos de crise ou de calamidade, os entraves burocráticos devem
ser rapidamente superados sob pena de o auxílio ser ineficiente no momento
necessário. Todos os esforços devem ser concentrados para o rápido auxílio em
todas as frentes possíveis de ajuda;
• Todos os equipamentos devem estar operacionais para oferecer uma pronta
resposta. É interessante que sejam abertas fontes de financiamento específicas
para manutenção de equipamentos dos mais diversos órgãos públicos, incluindo
as universidades. Parcerias e ajudas voluntárias também devem ser consideradas;
• É necessário um comando efetivo na gestão do desastre, com diretrizes explícitas. O IPH observou uma discrepância entre o que ocorria nos locais de resgate e o que era instruído nos locais de recebimento ds vítimas. As decisões ocorriam de forma espontânea e os critérios não eram bem estabelecidos. A presença de pessoas que conheciam a comunidade foi fundamental para agilizar os resgates. Esse é um ponto que deve ser considerado na gestão de desastres;
• É necessário garantir a segurança das pessoas que estão atuando nos resgates. Casos de violência contra resgatistas são bastante comuns em locais afetados por desastres;
• A presença do Estado transmite uma sensação de segurança para a população.
Muitas pessoas resolveram aceitar o resgate quando percebiam que nas
embarcações havia policiais, bombeiros, Exército, Marinha ou membros da Defesa Civil;
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• Muitos problemas relacionados aos resgates eram solucionados por equipes
voluntárias. Isso deve ser devidamente valorizado. Barcos e jet-skis rebocaram
barcos menores e voluntários faziam consertos voluntariamente em motores e
cascos, eventualmente emprestando materiais e fornecendo mão-de-obra;
• Os problemas sociais não deixam de existir durante a situação de calamidade, eles apenas se adaptam à nova realidade local. Esse processo muitas vezes não é acompanhado pelas forças de segurança, se tornando um problema a ser considerado na gestão de desastres;
• A estrutura de apoio aos voluntários resgatistas é extremamente importante,
trazendo o conforto possível para a situação. Pessoas voluntariamente ofereciam
água, lanches, protetor solar e equipamentos de proteção para quem estava
atuando nos resgates, o que, além de ajudar, cria um sentimento
coletivo de solidariedade;
• Descansar é importante para poder seguir auxiliando aos necessitados. As
equipes que atuam na emergência devem ter períodos adequados de descanso
para realizar seus trabalhos de forma eficaz e segura;
• O apoio à emergência não se dá apenas no resgate, existem muitas formas de
auxiliar antes, durante e após o evento;
• A ampliação do trabalho da equipe para avaliação da qualidade da água e dos
sedimentos pode trazer novas perspectivas para a gestão de desastres e até
mesmo orientar políticas públicas relacionadas a saneamento e a desastres.