Voluntários ajudam no atendimento de pessoas e animais desabrigados em Guaíba

Voluntários ajudam no atendimento de pessoas e animais desabrigados em Guaíba

Enfermeiros e médicos veterinários voluntários atuam em abrigos que acolhem vítimas de Guaíba e Eldorado do Sul

Correio do Povo

No Ginásio Coelhão, vítimas das enchentes são atendidos por voluntários da área da saúde

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Com milhares de pessoas precisando de acolhimento, a presença de voluntários de diversas áreas se torna essencial em todas as regiões do Rio Grande do Sul atingidas pelos estragos causados pelas chuvas, deslizamentos e cheias. Em Guaíba, onde estão abrigados moradores locais e também pessoas que residem em Eldorado do Sul, o cenário de calamidade faz a solidariedade falar mais alto. No Centro Municipal de Esportes de Guaíba, o Ginásio Coelhão, cerca de 60 pessoas e aproximadamente 30 animais de estimação estão abrigados e recebendo o amparo das equipes.

Uma das profissionais que se voluntariou para atender os desabrigados foi a enfermeira Morgana Leite. Ela conta que está há mais de três dias ajudando no local. “É uma sensação difícil. Dói para todo mundo. É algo que a gente nunca está preparado, mas que tu precisa vir ajudar sem esperar, pois sabe que tem pessoas precisando. Tem coisas que nos emocionam muito, principalmente quando as famílias se reencontram. Esse é o maior presente que a gente recebe. No domingo teve um homem que reencontrou a esposa e o filho e foi muito emocionante”, contou.

O cenário que ela encontra durante os seus dias como voluntária é de pessoas chegando molhadas, com fome e com sede, em função do período em que aguardavam resgate. “A primeira coisa que a gente faz é oferecer roupa seca, depois o alimento. Também fazermos uma triagem em relação à medicação de uso contínuo. Estamos dando uma assistência básica completa. Está todo mundo cansado, mas ninguém vai desistir”, completou.

Além do atendimento às pessoas, o cuidado com os animais resgatados também é realizado no local. Entre os muitos voluntários que atuam no Ginásio Coelhão estão as médicas veterinárias Luísa Cardoso e Maria Laura Dal Rossi. “Tem muita gente ajudando. O pessoal está doando muita ração”, falou Luísa. “E graças a Deus, os animais estão achando seus tutores e voltando para suas famílias”, completou Maria Laura.

As veterinárias citam ainda que os animais estão muito carentes e assustados por conta de tudo o que precisaram passar para sobreviver. “Ver o reencontro deles com seus tutores dá um alívio muito grande, pois a gente não sabe para onde eles iriam os que não encontrarem. A gente vai procurar um lar temporário para eles”, destacou Luísa.

Outra atuação feita no local é uma triagem de saúde para identificar se os animais estão machucados. Após, é feito um trabalho de acolhida, secando os que estão molhados, além de alimentando e dando água para eles. “Quando os animais chegam, eles precisam de aquecimento para não ficarem com hipotermia. O essencial é deixar eles bem, com comida, água e um lugar seguro”, salientou Maria Laura.

Além dos atendimentos nos abrigos de Guaíba, há uma atenção redobrada nas unidades e casas de saúde da cidade. Dos 61 leitos existentes no hospital, 59 estão sendo utilizados por pacientes internados. Na manhã desta segunda-feira, a unidade de emergência de Guaíba estava atendendo cerca de 30 pessoas. Já as unidades de saúde da cidade seguirão abertas para atender a quem necessitar. Atualmente, existem 18 alojamentos emergenciais em funcionamento, abrigando milhares de pessoas, entre cidadãos de Guaíba e Eldorado do Sul.

Guaíba têm mais de 8 mil moradores abrigados em quase 40 alojamentos

Guaíba e região têm mais de 8 mil moradores abrigados devido à enchente histórica que atingiu grande parte do Rio Grande do Sul nos últimos dias. Atualmente, são quase 40 alojamentos emergenciais da cidade, Sertão Santana e Sentinela do Sul estão atendendo a população afetada com alimentos, roupas, materiais de higiene e apoio médico e psicológico. A maioria dos moradores abrigados são moradores dos bairros Cohab, Santa Rita, Ipê e Loteamento do Engenho, de Guaíba, e de grande parte de Eldorado do Sul.

A equipe da Defesa Civil, da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros e demais voluntários continuam fazendo resgates dos moradores que seguem em suas residências nos bairros Cohab e Santa Rita e na cidade de Eldorado do Sul. As autoridades fazem apelo para que todos os moradores das áreas de risco saiam de suas residências, pois, infelizmente, há aqueles que negam o resgate.

O prefeito Marcelo Maranata decretou estado de calamidade pública, considerando o desastre como nível máximo, com o objetivo de atender as necessidades da população afetada. A Secretaria Municipal de Bem-Estar Animal anunciou que soma mais de 500 animais abrigados e estima-se que existam mais 200 ou 300 pelas ruas da cidade.

Os abrigos precisam de doações de rações de animais, alimentos perecíveis, colchões, água potável, produtos de higiene e limpeza e fraldas, que devem ser entregues na sede da Prefeitura Municipal de Guaíba, na avenida Nestor de Moura Jardim, 111. Voluntários devem consultar os alojamentos para ver a necessidade da doação de marmitas, pois há muitas doações e não há refrigeração suficiente para o armazenamento. De acordo com a prefeitura, a prioridade agora é receber alimentos não perecíveis, como arroz, feijão, massa, óleo de cozinha e sal.

*Com informações do repórter Cristiano Abreu


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895