Propostas lúdicas e culturais auxiliam crianças afetadas pelas chuvas

Propostas lúdicas e culturais auxiliam crianças afetadas pelas chuvas

Em Porto Alegre, voluntários se mobilizam para divertir o público infanto-juvenil em abrigos

Correio do Povo

Olhos compenetrados no filme exibido por voluntários em abrigo da capital

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Em todo o Rio Grande do Sul, existem cerca de 66,7 mil pessoas alojadas em abrigos provisórios devido à calamidade que acomete o estado, segundo números da Defesa Civil. Desse total, boa parte sequer atingiu a maioridade. São crianças e adolescentes que precisaram abandonar seus lares e pertences devido a enchentes, deslizamentos de terra ou desmoronamentos. Ao conviver com várias pessoas em abrigos solidários, sem poder frequentar a escola ou encontrar os amigos, elas sentem falta da brincadeira. Pensando nisso, muitos esforços tem sido empreendidos para levar cultura e lazer ao público infantojuvenil em abrigos de Porto Alegre.

Uma das propostas é o Cine Vida, encabeçado por Daniela Mazzilli, diretora da Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, e Maria Angélica dos Santos, diretora do Programa de Alfabetização Audiovisual, da Secretaria Municipal de Cultura do município. Junto a amigos e outros profissionais da cultura, elas começaram a projetar filmes para as crianças abrigadas no Centro Vida, na Zona Norte da Capital. A partir daí, a iniciativa se expandiu para outros alojamentos, como o Centro de Treinamento Esportivo do Estado (Cete) e o da Associação de Pais e Mestres do Colégio Marista Rosário (Apamecor). “A gente sabe a importância do cinema na nossa vida. E como pode ser um conforto e um lugar seguro para sair um pouco da realidade tão dura que estamos vivendo, principalmente para as crianças”, afirma Daniela. O projeto conta com realizadores audiovisuais parceiros de vários lugares do país, que têm cedido suas produções para exibição gratuita nos abrigos.

Na mesma toada, o Cine Abrigo promove sessões de cinema para crianças alojadas em diversos pontos de Porto Alegre. A equipe do projeto explica que os filmes exibidos, como Toy Story e Homem Aranha, acabam reunindo, sob um mesmo gazebo, adultos e crianças, abrigados e voluntários. "É uma forma de proporcionar bem-estar emocional às pessoas atingidas diretamente pelas cheias", considera Yasmin Souza, psicóloga e integrante do projeto. “Estamos não apenas amenizando o sofrimento imediato, mas também promovendo resiliência e fortalecendo os vínculos comunitários”, afirma.

Entidades como a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) também estão atentas às crianças atingidas pelas chuvas. Esta semana, a SPRS lançou a campanha "Criança tem de brincar", para arrecadar brinquedos e materiais escolares aos abrigos. No ponto de coleta — na rua Coronel Corte Real, 975, em Porto Alegre —, a população pode doar jogos, bonecos, lápis de cor, massinha de modelar e o que mais possa fazer a alegria das crianças. “É um gesto simples, porém significativo, que pode fazer toda a diferença na vida delas”, destaca o presidente da entidade, José Paulo Ferreira.

Gabriela Sardi, sob supervisão de Maria José Vasconcelos




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