Drogas e trabalho escravo: como traficantes geriam pedreira clandestina em Taquara

Drogas e trabalho escravo: como traficantes geriam pedreira clandestina em Taquara

Viciados recebiam entorpecentes como forma de pagamento por exploração ilegal de pedras, diz Polícia

Marcel Horowitz

Usuários de drogas eram mantidos em condições análogas a de escravidão em pedreira ilegal

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Um esquema que unia venda de drogas, exploração ilegal de pedras e trabalho análogo à escravidão foi revelado, nesta terça-feira, durante a Operação Pó de Pedra, em Taquara, no Vale do Paranhana.

Conforme a Polícia Civil, traficantes forneciam crack a usuários em troca de mão de obra. Seis investigados foram presos, sendo que dois já cumpriam pena no sistema prisional.

A ação ocorreu em uma pedreira clandestina, na região conhecida como Morro da Pedra, no interior do município. O objetivo dos criminosos seria extrair e vender material para construção civil.

No local, foram resgatados três trabalhadores em situação similar a de escravidão. Eles estavam dentro de um alojamento improvisado, em condições precárias de alimentação e higiene.

O trio seria submetido a jornadas de até 12 horas de trabalho, em serviços que consistiam na extração de pedras grês. Após, o material era vendido a empresas de construção civil.

Ocorre que, ao invés de salários, os trabalhadores recebiam porções de crack como forma de pagamento. “Encontramos uma cena horripilante”, contou o delegado Valeriano Garcia Neto, titular da DP de Taquara.

Ainda de acordo com ele, cinco dos sete investigados na operação tem relação direta com extração, venda e transporte de pedras grês. O grupo foi alvo de mandados de prisão preventiva, por tráfico.

Além deles, um homem foi preso em flagrante por crime de trabalho análogo ao de escravo. A função dele seria recrutar usuários de drogas para o serviço. Ele negou que atuava junto a traficantes e disse que os trabalhadores não estavam em situação de escravidão, alegando que recebiam R$ 100 por dia.

Segundo o titular da DP de Taquara, o suspeito recebia até mil pedras de crack por semana, que eram distribuídas aos viciados. “Eram remessas de drogas consideráveis, fornecidas semanalmente. Mesmo que ele alegue trabalhar apenas para construção civil, quem recebe e distribui crack é traficante”, enfatizou o delegado.

A operação ocorreu após seis meses de Investigação. Antes disso, no dia 4 de dezembro do ano passado, um foragido da Justiça e uma mulher foram presos em um sítio na região. Na época, eles foram apreendidas porções de crack e cocaína.

Foi revelado no decorrer das apurações que a dupla fornecia drogas para usuários que trabalhavam na exploração ilegal de pedras. Não é descartado que os traficantes atuem em outras explorações clandestinas no município.


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