Dedo em riste e gritaria: Trabalho análogo à escravidão na Serra Gaúcha gera bate-boca

Dedo em riste e gritaria: Trabalho análogo à escravidão na Serra Gaúcha gera bate-boca

Deputados foram à tribuna da Assembleia Legislativa do RS criticar fala de Luciana Genro, que relembrou o suposto envolvimento das vinícolas em discussão de PL do governo

Flávia Simões

Com gritos e dedo em riste, Luciana e Branchieri discutiram dentro e fora da tribuna

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Os casos de trabalho análogo à escravidão na Serra Gaúcha voltaram a ser pauta da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira. Durante a discussão da proposta do governo que prevê mudanças no ICMS para determinadas operações e setores que a fim de manter o financiamento do fundo AMPARA (Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio Grande do Sul), os deputados levaram a conversa para o tom ideológico e o plenário foi palco de embates, com direito a dedo em riste e gritaria.

Em sua fala, a deputada Luciana Genro (PSol) criticou a emenda do deputado Guilherme Pasin (PP), que prevê o fim de uma alíquota maior para "produtos não essenciais", como cigarros e perfumes, afirmando que era justo que o setor pagasse mais para financiar os menos necessitados, complementando ainda que "foram as vinícolas da Serra Gaúcha que foram agora denunciadas por trabalho escravo", e complementou: "não sou eu que disse, foi o Ministério do Trabalho. E o senhor (se direcionando ao colega) lave a sua boca para dizer que estou mentindo deputado. Não admito calúnia".

"Se eu estivesse mentindo, você poderia me processar. Me processa então, vamos ver se as vinícolas vão me processar por dizer que elas fizeram, sim, trabalho escravo", exclamou a deputada.

Na tribuna, o deputado Felipe Camozzato (Novo) e Claudio Branchieri (Podemos) foram rechaçar as falas da deputada. "Preciso responder a deputada Luciana Genro porque ela comete sim inverdades na tribuna. [...] Quando a senhora fala que as vinícolas gaúchas contrataram trabalho escravo, a senhora no mínimo comete a mentira de terceirizadas tiveram denúncias de trabalho análogo a escravidão. O que é muito diferente", respondeu Camozzato. "Trabalho análogo a escravidão não é trabalho escravo".

Com base na Serra, o deputado do Podemos se excedeu em resposta à deputada, quando o bate-boca começou. "A senhora nunca mais chame o povo da Serra de escravagista. Lave a boca para falar do povo da Serra, a senhora não tem o direito de falar assim de pessoas trabalhadoras e honestas. Nós não fazemos parte da mesma laia que a senhora", afirmou, com dedo em riste.

Neste momento, Paparico Bacchi (PL), que presidia a sessão, interrompeu o microfone do colega e pediu para que atentassem ao projeto. As discussões ainda se misturaram entre a defesa de sistemas econômicos, como capitalismo e socialismo.

Por fim, a emenda proposta por Pasin caiu, em função do requerimento de preferência do governo, que foi aprovado, e impediu que o texto complementar fosse à votação. O projeto principal foi aprovado pelos deputados.

Casos de trabalho análogo à escravidão na Serra Gaúcha são recentes

No início deste ano um safrista que trabalhou na colheita da uva de 2023 ganhou, na justiça, a indenização por trabalho análogo à escravidão. Duas empresas terceirizadas e uma vinícola tomadora do serviço foram condenadas a indenizar o trabalhador. Ele foi uma das vítimas resgatadas pela operação conjunta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que trabalhavam em situação análoga à escravidão na Serra Gaúcha. Ainda este ano, outros 18 trabalhadores argentinos foram resgatados em condições semelhantes.


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