Incêndio em pousada de Porto Alegre movimenta debate político nas redes sociais

Incêndio em pousada de Porto Alegre movimenta debate político nas redes sociais

Pré-candidatos e vereadores usaram as redes sociais para se solidarizarem ou criticarem atual gestão municipal

Rafael Renkovski

Tragédia mobilizou foco da política

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Vitimando dez pessoas na madrugada desta sexta-feira, o incêndio que atingiu a pousada Garoa, no Centro de Porto Alegre, repercutiu entre os políticos da Capital. Com características distintas, em tom apenas solidário ou carregado de críticas ao governo municipal, a maioria dos vereadores se manifestou nas suas redes sociais. Entre os pré-candidatos à prefeitura em 2024, todos expressaram suas posições.

Por parte dos vereadores que fazem oposição ao governo do prefeito Sebastião Melo (MDB), foram comuns as críticas à prefeitura por assinar um contrato com a pousada, mesmo sem um Plano de Prevenção contra Incêndio (PPCI). O líder da oposição no Legislativo municipal, Roberto Robaina (PSol), foi contundente. “A terceirização na Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania) é criminosa. Até o diretor da instituição pediu demissão por ameaça de morte. (Sebastião) Melo se recusou a chamar os concursados e aprofundou esse modelo”, escreveu Robaina em publicação no Instagram.

Em novembro de 2022, na mesma rede responsável pelo prédio incendiado hoje, um homem morreu e outras 11 pessoas ficaram feridas. A assinatura para a renovação do convênio entre a prefeitura via Fasc, que paga parte dos custos de algumas pessoas, e o local, ocorreu em dezembro do ano passado.

Também na Câmara, a bancada do PCdoB, formada por Abigail Pereira e Giovani Culau, solicitou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na Fasc e na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, com a alegação de “fragilidade do sistema de assistência”. Até o momento, apenas integrantes de partidos de esquerda assinaram o pedido. Faltam duas assinaturas para a criação da CPI.

Maria do Rosário (PT), deputada federal e pré-candidata à prefeitura da Capital pela frente popular, fez diversas postagens nas redes sociais. Na última, alegou que vai procurar a Defensoria Pública do Estado “buscando justiça e apoio para as famílias das vítimas”, argumentando que as vítimas são “pessoas que já estavam em alta vulnerabilidade, mas justamente foram acolhidas e abrigadas em uma instituição para que tivessem a garantia da dignidade, do atendimento, do tratamento básico e à vida.”

Tom solidário entre os apoiadores

Entre a maioria dos vereadores que integram a base governista, o tom de manifestação foi apenas solidário. O líder do grupo na Casa, Idenir Cecchim (MDB), não se manifestou. Cláudia Araújo (PSD), que exerce a vice-liderança, além de ser pré-candidata para a majoritária no pleito deste ano, expressou suas condolências às famílias das vítimas.

Desde a manhã desta sexta-feira, Sebastião Melo acompanhou a tragédia. Horas antes do incêndio, ele estava em Flores da Cunha e se deslocou para a Capital assim que soube do ocorrido. Ao chegar no local, foi recebido com protestos, mas minimizou as críticas.

"Eu não vejo essas críticas só aqui. Vim da democracia e sou um construtor dela. As pessoas têm direito ao protesto. Não estou aqui para discutir política. Estou aqui para acolher as pessoas”, disse. O prefeito declarou luto oficial de três dias e afirmou que sua “agenda está dedicada à gestão para definição das medidas de acolhimento e apuração.”

Além de Melo, Rosário e Cláudia, outros pré-candidatos ao Paço Municipal se manifestaram. Juliana Brizola, do PDT, expressou, em vídeo compartilhado no Instagram, “solidariedade aos familiares e amigos, desejando que encontrem força e apoio para superar esse desastre.”

Pré-candidato pelo União Brasil, o deputado estadual Thiago Duarte disse que “a situação é devastadora e exige nossa solidariedade e apoio às famílias das vítimas neste momento difícil”, complementando que “essa tragédia poderia ser evitada se o poder público municipal fizesse a sua parte na fiscalização, já que tinha contrato com a pousada”.

Na mesma linha, Felipe Camozzato (Novo) argumentou que “é preciso uma investigação célere, rigorosa e efetiva para que tudo seja esclarecido e os responsáveis sejam punidos, prevenindo que mais tragédias como essa voltem a ocorrer na nossa Capital.”


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