Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Arroio Grande prepara ação coletiva contra CEEE Equatorial

Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Arroio Grande prepara ação coletiva contra CEEE Equatorial

O processo reúne produtores do interior de três municípios da região que foram prejudicados pela falta de luz durante mais de 20 dias

Angélica Silveira

O grupo se reuniu para traçar os primeiros passos da ação coletiva

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O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio Grande, que também atende moradores de Herval, Cerrito e Pedro Osório prepara uma ação coletiva de agricultores e pecuaristas familiares contra a CEEE Equatorial. O processo pretende garantir indenização para as famílias que ficaram mais de 20 dias sem energia elétrica, desde o temporal do último dia 21 de março

A assessoria jurídica do Sindicato promoveu uma reunião com 52 produtores para explicar a ideia da ação, os passos a serem seguidos e coletar assinaturas dos interessados. Todos os presentes aderiram a proposta.

"O sindicato cumpre a sua função dentro da sua esfera de trabalho, pois cabe a nós também ser porta-voz dos trabalhadores rurais, dos produtores rurais, de quem tira sua produção do campo e vem sofrendo enormemente com essa piada de mal gosto que é o serviço prestado pela CEEE Equatorial”, observa o presidente da entidade, João Cézar Larrosa. Para ele, quando as outras esferas se mostram anímicas no processo de defesa do produtor, resta ao Sindicato, então, encaminhar esse processo via as ações judicial. “Acreditamos que ainda se possa ter um revés e que esses produtores possam pelo menos ter uma compensação frente a todos os prejuízos que tiveram, que são incalculáveis, pois é impossível calcular o dano moral sofrido por cada família", declara Larrosa.

A ação judicial reúne gente como o produtor de leite, Renato Bueno Padilha, 49 anos, morador do assentamento Novo Arroio Grande, na localidade do Chasqueiro, que em 22 dias sem luz acumulou um prejuízo estimado em R$ 8 mil. Além de perder uma produção diária de cem litros de leite, Padilha ainda precisou comprar um novo gerador. "O gerador que tínhamos não aguentou e precisei pedir um empréstimo para comprar outro, que custou R$ 3 mil, isso sem falar no que gastamos de combustível", conta.

Quem também decidiu entrar no processo contra a CEEE Equatorial foi a pecuarista familiar, Isaura Caetano Brasil, de 71 anos, moradora da localidade de Cerrito no município vizinho de Herval. "Vivo só e meu marido que é idoso e doente e ficamos 20 dias sem nada de luz, perdemos tudo que havia no freezer e na geladeira, vivemos um sufoco, na escuridão total", diz.

Com a ação tanto Padilha como Isaura esperam conseguir compensar financeiramente parte dos prejuízos materiais sofridos, mas têm consciência de que o trabalho e o sofrimento que passaram não têm preço.

Conforme o assessor jurídico do sindicato, Frederico Pires a ação deve ser ajuizada nas próximas semanas. "A situação é alarmante, ouvindo os produtores, jamais vi alguma situação com tamanho descaso, sem assistência alguma da CEEE Equatorial", declara. Procurada, a empresa disse, em nota, que irá se manifestar em juízo, como lhe faculta a legislação brasileira.


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