Aumento nos casos de dengue em Porto Alegre preocupa autoridades e população

Aumento nos casos de dengue em Porto Alegre preocupa autoridades e população

Na zona Norte da capital foram confirmados 81 casos. Na Leste 71, na Sul 55 e Oeste 46 casos confirmados

Paula Maia

Gisele Fontela está com os sintomas de dengue e buscou atendimento na Clínica da Família Campo da Tuca

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Gisele Fontela, residente na Rua Tenente Ary Tarragô, na zona Leste de Porto Alegre, buscou atendimento na Clínica da Família Campo da Tuca devido a sintomas como dor de cabeça, vômitos e dores no corpo. Após consulta, recebeu indicação de medicação para alívio dos sintomas, um atestado médico e um repelente de 200ml. Além da realização de um exame de sangue, para confirmar se é um caso de dengue, e um retorno agendado para segunda-feira.

Após o atendimento realizado, Gisele, que é cuidadora de idosos, afirmou que está muito preocupada com os casos de dengue na Capital. Ela destacou as condições precárias das ruas no entorno de sua residência como possíveis facilitadores para a proliferação do mosquito transmissor da doença . Problemas como falta de manutenção, acúmulo de lixo e mato alto, especialmente nas proximidades de uma escola estadual, foram mencionados como áreas de preocupação.

“Olha os bancos da parada de ônibus, cheio de mato. Como é que tu vai sentar em um lugar assim. As crianças passam por aqui, no meio do mato”, desabafou.

Gisele também expressou frustração com o atendimento na Clínica da Família Campo da Tuca. Ela contou que chegou a procurar a Unidade de Saúde, às 21h, na noite anterior, mas foi informada de que não teria atendimento, mesmo sendo o horário estipulado até 22h. Ela destacou os atrasos e a falta de organização, além da dificuldade em obter medicamentos, especialmente antibióticos, devido à ausência de um farmacêutico em tempo integral. Gisele questionou a prestação de um serviço de qualidade e digno para todos os pacientes.

O enfermeiro Marcos Silveira, gerente da unidade de saúde Campo da Tuca, corroborou o aumento significativo nos casos notificados e enfatizou a importância da prevenção. Ele mencionou que todos os pacientes com sintomas recebem repelente e são submetidos a exames de sangue, cujos resultados demoram até três dias. Os casos positivos são monitorados com hemogramas e plaquetas a cada 48 horas, e as visitas domiciliares são realizadas conforme necessário.

Silveira também ressaltou a colaboração da população no combate ao mosquito. “A população tem que se conscientizar que é uma doença evitável. Que se deve evitar o acúmulo de lixo, pneus, garrafas vazias no pátio. As piscinas também devem ser cuidadas. Precisamos todos juntos não deixar esse cenário piorar”, considerou.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, na zona Norte da Capital foram confirmados 81 casos e 702 foram notificados. Na Leste houve 71 confirmações e 1.261 notificações. Na zona Sul, foram 55 confirmados e 656 notificados, e na zona Oeste 46 casos foram confirmados e 644 notificados.

Segundo o último boletim epidemiológico da Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Porto Alegre registrou 141 casos de dengue neste ano até a data de publicação, no dia 20 de fevereiro. Desse total, 106 foram contraídos localmente, 27 são casos importados e oito não tiveram o local de infecção determinado. O número de casos suspeitos notificados chegou a 2.172, representando um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior, que contou com 134 notificações e 16 casos confirmados.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, um novo boletim será divulgado na segunda-feira, mas já houve um aumento significativo nos casos confirmados. Os dados brutos, sem as devidas conferências, apontam mais de 230 casos confirmados na Capital.

Até o final da manhã desta sexta-feira, na UPA da Zona Norte Moacyr Scliar 55 pessoas estavam em observação em uma capacidade para 17 leitos. A espera para o atendimento estava em 2h5min. No Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro, 16 pessoas estavam em observação, para uma capacidade de 8 leitos. A espera estava sendo de 45 minutos.

Os casos estão distribuídos em 52 bairros: Aberta dos Morros, Agronomia, Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Bom Jesus, Camaquã, Cavalhada, Centro Histórico, Cidade Baixa, Coronel Aparício Borges, Cristal, Cristo Redentor, Espírito Santo, Farrapos, Glória, Guarujá, Higienópolis, Hípica, Ipanema, Jardim Carvalho, Jardim Itu Sabará, Jardim Lindóia, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro, Mário Quintana, Medianeira, Morro Santana, Navegantes, Parque Santa Fé, Partenon, Passo da Areia, Petrópolis, Ponta Grossa, Restinga, Rubem Berta, Santa Maria Goretti, Santa Tereza, Santo Antônio, São Geraldo, São João, São José, Sarandi, Teresópolis, Tristeza, Vila Assunção, Vila Ipiranga, Vila João Pessoa, Vila Nova, Vila São José.


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