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Verão

Especial

Após denúncia de escritora, mulheres fazem campanha para expor casos de abuso de motoristas de aplicativos

Clara Averbuck publicou relato de estupro em sua conta no Facebook e incentivou outras vítimas a denunciarem usando as hashtags

Escritora publicou imagem da campanha no Twitter | Foto: Twitter / Reprodução
Depois da escritora Clara Averbuck denunciar em seu perfil no Facebook que foi vítima de um estupro cometido por um motorista da Uber, na segunda-feira, mulheres passaram a usar as hashtags #MeuMotoristaAssediador e #MeuMotoristaAbusador para expor os casos. A campanha foi criada pela própria escritora para que outras vítimas tenham coragem de denunciar.

Em um relato escrito para a Revista Cláudia, Averbuck afirmou esperar que o caso dela “sirva para que outras mulheres não tenham medo de expor o acontecido” e “que não se culpem”. “É por isso que, coletivamente, pensamos, esta tarde, na campanha #MeuMotoristaAbusador e #MeuMotoristaAssediador”, escreveu na segunda-feira.

“Infelizmente esses casos são cada vez mais comuns. Queremos, dando voz às mulheres que já sofreram abuso e assédio, que esses serviços de transporte sejam repensados. Que não sejam vendidos como um “bico” que qualquer um pode fazer. Que esses prestadores de serviço sejam escolhidos com mais cuidado e sejam educados a respeitar as mulheres”, completou.

Motivada pela campanha, uma usuária do Twitter relatou ter sofrido assédio quando estava grávida. “Motorista do táxi ficou falando do quanto eu era linda e sexy e que adorava sexo com grávidas. Eu tava de grávida de 7 meses”, publicou. “O motorista de táxi ficou todo o trajeto falando: você tem uma bunda gostosa. Tu é doidona?”, escreveu outra. “Peguei táxi bêbada, com umas amigas. Fui a última. O motorista perguntou se eu não queria ir para "outro lugar"”, denunciou mais uma vítima.

Uma das mulheres chegou a receber mensagens do motorista após a corrida. “Eu recebi mensagem do motorista do app dizendo que era gostosa. Eu disse que iria denunciá-lo. Ele disse que sabia onde eu morava”, denunciou outra. “Peguei um UBER na Frei Caneca até a Sé e o cara disse: Você é uma morena muito gata, posso te ligar!?”, escreveu outra usuária do Twitter.

Vítimas também se manifestaram no Facebook: “Clara Averbuck você não está sozinha. Sofri abuso de um motorista nos anos 90 e me calei”, escreveu uma usuária. Outra internauta usou a hashtag para relatar que um motorista chamou a filha de dois anos dela de “gostosinha”:

“Janeiro de 2016. Ainda dói. Ainda me assusta.
{pausa}
Diálogo do motorista do Uber com minha filha. Nesse momento meu marido estava fora do carro:
- Quantos anos vc tem?
- Dois.
- Qual seu nome?
- Diana.
- Seu pai ou sua mãe já te disseram que vc é muito "gostosinha"?
{pausa}
Fui tão surpreendida por isso que na hora não consegui falar nada. Paralisei. Fiquei a viagem inteira olhando pro sujeito e pensando em todos os casos de pedofilia que conheço”.

Outra vítima, que morava em frente ao hotel, saiu correndo do carro quando o motorista entrou no local. “Há uns 4 anos, meu ex-namorado pediu um táxi pra eu ir embora, porque até então seria mais seguro e eu não iria dormir na casa dele. Ele abriu a porta, nos despedimos, e ele pediu pra avisar quando chegasse em casa. Eu moro em frente a um motel, estava sozinha atrás do carro e falei pro motorista que podia me deixar em frente e que atravessaria a rua e ele não precisaria fazer o retorno, só que em vez disso ele entrou no motel e a porta estava travada, eu fiz um escândalo e quase quebrei os vidros e o pessoal do motel se tocou, porque não sei como são nos motéis que vocês frequentam, mas, geralmente, o atendimento nem olha pra cara das pessoas dentro do carro. No final, consegui sair do táxi e ele disse que tinha certeza que meu ex estava comigo, porém ele viu a despedida e ele chegou indo pedir um quarto. Eu consegui sair do carro e fui correndo pra casa e ele saiu a toda do motel”.

Correio do Povo