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Porto Alegre, Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2019
Foto: Mateus Bruxel / CP Memória Quis o destino que eu tivesse a graça de conviver com Paixão Côrtes por alguns anos. No início dos anos 2000, o velho folclorista vinha regularmente à Rádio Guaíba, uma vez
O jornalista jornalista Edison Moiano, falecido em fevereiro deste ano, não verá a Copa de 2018 na Rússia. Meu chefe por anos na Central do Interior, ele comemorava sempre que começava uma Copa do Mundo ou uma nova Olimpíada. "Outra Copa e eu ainda estou aqui", falava, com aquele ar entre drama e ironia que
Dizem que a poesia é uma espécie de regresso para casa. Talvez seja, por isso mesmo, que tento desesperadamente resgatar o perdido para sempre, o que não tem mais volta. Antevendo, li tantos poemas, desde guri, depois que me vim embora deixando para trás o cheiro das maçanilhas nas manhãs de primavera, a marc
Olhe para mim, por favor, meu rincão encantado, tão verdejante e adorado, tão vivo na minha memória. Olhe, sou eu, o bolicheiro, lembras? O carroceiro, o leiteiro, não me reconheces mais? Eu mudei, precisei ir embora, tu sabes bem disso, não sabes? Mas tu, meu pequeno mundo, também se transmutou. O q
A coluna "Campereada" desde sua primeira edição, lá no distante 30 de setembro de 2009, enveredou por um caminho inverso ao da maioria dos escritores regionalistas: deixou de lado os heróis consagrados dos livros de História para saudar o povo desamparado que vive pelos corredores sem fim do pago; jamais cami
"Tenho um segredo para te contar", foi o que me disse no atropelo, esbaforido, meu pequeno sobrinho Romano em uma das últimas vezes que fui à Vila rica. O local e a situação em que estávamos era um pouco difícil, inóspita, mas ele, ainda uma criança parecia mais confortável do que nós, os adultos. Indaguei
Trabalhando, trabalhando, não viu a vida passar / O suor que regou a terra, nem sementes viu brotar / Trabalhando, esperando, enfrentando chuva e sol / Enxada na terra alheia nunca traz dia melhor / Assim a geada dos anos/ Foi lhe branqueando a melena / E este homem rural hoje é peão de suas penas. Esta
Onde está a minha saudade? Onde estão os lugares que gostei e que hoje sofro recordações? Não são tantos assim, são poucos, apesar de ter andado bastante por este mundão, mas ainda menos do que gostaria. Contudo, quando fecho os olhos, os ventos vêm e me transportam para longe, lá para o pátio onde cresci, o
"O peito avoluma e arqueia como cogote de potro. E as ventas se abrem gulosas por cheiro de madrugada. Potrilhos em disparada num Setembro de alvoroto." É assim mesmo, mestre Aureliano de Figueiredo Pinto, bem assim como definiste nos versos do belíssimo e enigmático poema "Chimarrão da Madrugada". Eu lembro
Quantas vezes destaquei meu respeito pela gente humilde e simples esquecida pelos corredores do Pampa. Vocês leitores são testemunhas do que sempre disse nessas "Campereadas". São depoimentos emotivos porque eu vivi entre eles, lá na minha distante Vila Rica, vi e ouvi suas tristezas, seus desenganos e suas d
Desde o precursor sobre assuntos rio-grandenses, o major santa-mariense João Cezimbra Jacques, muitos folcloristas, historiadores, antropólogos, sociólogos têm queimado pestanas debruçados noites e dias no resgate de músicas, danças e lendas gaúchas. Nem vou citar nomes porque correria o risco de esquecer mu
Eu acordo no meio da noite e parece que estou lá, de novo, atrás do balcão do bolicho na beira da estrada real, entre a indiada guapa, um guri de dez, onze anos, dando seus primeiros passos na vida, trabalhando e aprendendo a viver. Servia um trago de canha para um, uma rapadura para outro, dois maços de palh
Não tenho certeza, mas parece-me que, antigamente, as férias de verão eram mais longas do que agora. No início de dezembro (quem não pegava recuperação) a gente saía de férias e só voltava em março. No total, era mais ou menos três meses de uma folga relativa, para quem, como eu, vivia no campo. Sem o comprom
Nasceu e viveu naquelas várzeas. E agora, depois de dias e dias de estafante jornada, trotando, caminhando, cortando campos e andando por antigas estradas, está a vê-las de novo. E por isso chora. Não se preocupa, está sozinho, ninguém enxergará essas lágrimas sentidas. Lá está o açude que desde muito novo n
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