Trata-se de uma criação do coletivo francês Obvious, cujo objetivo é usar a inteligência artificial para democratizar a arte. Para fazer a pintura, o artista Pierre Fautrel criou 15 mil retratos clássicos por meio de um software. Uma vez que o programa "entendeu as regras do retrato", usando um novo algoritmo desenvolvido pelo pesquisador da Google Ian Goodfellow, gerou uma série de novas imagens por si só, disse Fautrel.
O coletivo francês selecionou 11 e os chamou de "família Belamy", um dos quais foi arrematado nesta quinta-feira em um leilão da Christie's, em Nova Iorque. O preço superou as estimativas de pré-venda, que oscilavam entre os 7 mil e 10 mil dólares.
Mas isso é arte? Fautrel, de 25 anos, insiste que sim. "Inclusive mesmo se for o algoritmo a criar a imagem, foram pessoas que decidiram fazer isso, que decidiram imprimir em uma tela, assiná-lo com uma fórmula matemática e colocá-lo em uma moldura dourada", assinalou. Fautrel comparou a arte da IA com as primeiras fotografias da década de 1850, que, segundo os críticos da época, eram questionáveis por "não serem arte e destruírem artistas".
Richard Lloyd, diretor de gravuras da Christie's, insistiu para que o coletivo colocasse a tela à venda, a fim de fomentar o debate sobre a inteligência artificial na arte. "Sei que é um debate que está sendo amplamente desenvolvido, e pensei que, de alguma forma, isso marcou uma linha divisória, ou um ponto de inflexão", disse. Deixando de lado o debate da arte, existem, também, questões legais. O artista é o coletivo ou o algoritmo? Os direitos autorais ficam a cargo de quem? Para Lloyd, este é apenas o começo da arte da IA.
AFP