O que se viu a partir de então foi um desfile de clássicos do grupo britânico formado em 1968, cumprindo a promessa da "The End Tour" de eternizar o inconfundível metal da banda. O setlist manteve o padrão dos últimos shows da turnê e priorizou os primeiros discos dos caras, "Black Sabbath" e "Paranoid", ambos de 1970, e "Master of Reality", de 1971.
Nos primeiros minutos, "Fairies Wear Boots" contagiou o mar de camisetas pretas que tomou conta do estacionamento da Fiergs e fez questão de gritar o nome do Ozzy logo no fim da canção. Esbanjando simpatia, ele sorria em retribuição.
Depois vieram "After Forever" e "Into the Void", canções do álbum "Master of Reality". E enquanto o grupo se entregava no palco, o telão ajudava a ditar o ritmo e o clima do espetáculo com muitos efeitos e foco nos detalhes de cada movimento dos músicos, em especial nas mãos de Tony ao executar seus riffs.
Ozzy não poupou interações: brincava com os companheiros de banda e levantava o público a cada vez que sacudia as mãos pedindo “mais”. Após "Snowblind", que foi acompanhada de milhares de palmas, o cantor apresentou formalmente os colegas - dividindo os holofotes e sempre repetindo duas vezes o nome de cada um.
Passando para um dos grandes momentos da noite, o sucesso absoluto “War Pigs” foi cantado como um hino em um coro alucinado. Para coroar todo aquela energia, Ozzy ainda intimou a plateia a repetir com a mesma animação o seu “yeah” e, claro, foi prontamente atendido.
E se "Behind the Wall of Sleep" trouxe um tom mais “calmo”, "N.I.B", outra pedrada, levantou dos mais jovens até os mais antigos fãs que estavam presentes. Já a introdução de "Rat Salad" abriu espaço para o solo do baterista Tommy Clufetos, que está com trio fundador do Black Sabbath desde 2012 e substitui Bill Ward. Por cerca de 10 minutos, ele segurou um ritmo frenético - período em que Ozzy, Tony e Geezer deixaram o palco.
No retorno, os três foram recebidos de forma calorosa pelo público, que ouviu um "i love you" como resposta de Ozzy. Com fôlego recuperado, o grupo emendou a sequência de "Iron Man" e “Dirty Women”, que contou com mais um solo preciso de Tony Iommi. Foi então que o icônico cantor anunciou que a apresentação que abriu esta atual passagem pelo Brasil chegava ao fim - eles ainda tem agenda em Curitiba (quarta), Rio de Janeiro (sexta) e São Paulo (domingo).
A escolhida para fechar a primeira parte do repertório foi “Children of the Grave”, na qual o vocalista percorreu o palco de um canto a outro. E se ele se perdeu no início da letra, também pediu desculpas e reverenciou a plateia ao final. Sem intervalo e antes mesmo que os fãs pedissem o bis, Ozzy puxou o grito de “mais uma” e já começou a grandiosa “Paranoid”, merecidamente responsável pelo grand finale.
Assim, depois de uma hora e trinta e cinco minutos, o Black Sabbath mostrou novamente - e definitivamente - que não é considerada uma das maiores bandas da história por acaso. Com o telão anunciando o "The End” oficial, ficou difícil ter um sentimento diferente que o de agradecimento: obrigada por tudo até aqui, caras.
Pra terminar! #BlackSabbathEmPOA pic.twitter.com/mV2uMAoMut — arte&agenda (@arteeagenda) November 29, 2016
Confira o setlist:
1 - "Black Sabbath"
2 - "Fairies Wear Boots"
3 - "After Forever"
4 - "Into the Void"
5 - "Snowblind"
6 - "War Pigs"
7 - "Behind the Wall of Sleep"
8 - "N.I.B"
9 - "Hand of Doom"
10 - "Rat Salad"
11 - "Iron Man"
12 - "Dirty Women"
13 - "Children of the Grave"
14 - "Paranoid"
Júlia Endress