Em 2013, o show superlotou o Araújo, e o público voltou a trocar muito com Caê até o momento da música “Parabéns”, na qual o baiano pergunta quem está de aniversário e dispara a música de felicitações: “Uma alegria excelsa pra você / No paraíso astral que começa / Hehe”.
Houve momentos intimistas e reflexivos, como na canção “Um Comunista”, hino de protesto em homenagem ao militante comunista Carlos Marighella, morto em 1969: “O baiano morreu / Eu estava no exílio / E mandei um recado: / “Eu que tinha morrido” / E que ele estava vivo. / Mas ninguémentendia / Vida sem utopia / Não entendo que exista / Assim fala um comunista”.
“Triste Bahia”,composição de Caetano para poema de Gregório de Mattos, trouxe o disco “Transa” de volta no túnel do tempo, e alguns dos pontos altos do show foram “Funk Melódico”, em que Caetano ensaiou passos de funkeiro, e “Eclipse Oculto”, que fez o público lembrar do clássico disco “Uns”, de 1983, encerrando com “Você Não Entende Nada” e no bis com “Vinco”, “A Luz de Tieta”, usada até pela seleção alemã durante a Copa, e “Outro”, do disco “Cê”.
O público gaúcho pode esperar muito de outras canções como “A Bossa Nova É Foda”, “Império da Lei”, “Quando o Galo Cantou”, as clássicas “Eclipse Oculto” e “De Noite na Cama”, além de outro poema de Gregório de Mattos, que se transforma em bela canção contemplativa e lacônica: “Estou Triste”. “Abraçaço” é o terceiro álbum que fecha a trilogia com a BandaCê – formada por Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados) e Marcelo Callado (bateria e percussão).
Com ele, Caetano recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Cantor e Compositor. Para quem ainda não viu o show, a oportunidade de ver ao vivo é hoje ou então ir atrás do CD e do DVD “Multishow ao Vivo – Caetano Veloso – Abraçaço”, lançado no início do ano.
Luiz Gonzaga Lopes / Correio do Povo