O filme “Piedade” vai estrear nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, dia 5 de agosto. A direção é de Claudio Assis (Pernambuco), que tem uma cinematografia forte e provocativa, que reflete sobre o comportamento humano e é marcada por abordar temas sociais do Brasil, entre eles a violência, tanto física quanto psicológica.
Neste longa-metragem, ele alterna certa leveza ao mostrar uma praia paradisíaca, cujo nome dá título do filme, e a pressão que grupos econômicos poderosos fazem a nativos quando há disputa por terras. Em Piedade, vive a matriarca de uma família, interpretada por Fernanda Montenegro. Viúva, ela mora com o filho adulto, Omar (Irandhir Santos), e seu neto Ramsés (Francisco Assis), filho da caçula Fátima (Mariana Ruggiero), que trabalha e reside do outro lado de Recife. O bar praiano da família sofre as consequências de um problema ambiental. Com a construção de um porto nas redondezas, tubarões que viviam na área passam a frequentar outras praias e Piedade é uma delas, o que afugenta os turistas. Por isso, a freguesia diminuiu. Como se não bastasse, um representante de uma petrolífera negocia a compra de terrenos da praia para um futuro empreendimento. O executivo, Aurélio (Mateus Nachtergaele), acaba investigando segredos da família, o que inclui um filho perdido, Sandro (Cauã Reymond), para usar esta informação como chantagem, mexendo com as emoções da mãe. Omar tenta criar uma resistência ao projeto ao lado de outros moradores, mas percebe o quão dura é a luta quando o dinheiro entra no jogo.
Filmado no Porto Suape e na Reserva do Paiva, em Pernambuco, este drama denuncia as consequências de projetos construídos à revelia de pesquisas ambientais e que acabam por prejudicar a biodiversidade. “O filme foi feito há quatro anos e estamos lançando-o em um momento em que dois ataques de tubarões aconteceram”, diz Claudio Assis. Neste mês, foram dois casos em Pernambuco. Isso demonstra que o problema apresentado no filme persiste. “A gente quer mostrar para o mundo o que está acontecendo no Recife”, completa o diretor.
A narrativa, com roteiro assinado por Hilton Lacerda, Anna Francisco e Dillner Gomes, aponta que a construção do porto em uma área que era berçário de tubarões interferiu no habitat. Essa é uma das causas que levou os animais a se deslocarem e atacarem praias próximas.
Reunir um elenco estelar não foi fácil, conforme o diretor. “A gente dá um jeito, foi bacana demais”, disse Assis. O ator Gabriel Leone representa um jovem ativista ambiental, que é filho de Sandro.
Cauã Reymond, que trabalha neste filme como dono de um cinema pornô, levou o troféu de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Cinema de Brasília 2019. Sua atuação surpreende por ele estar em um papel que foge do galã que frequentemente lhe cabe em outras produções. Além deste troféu, “Piedade” também ganhou o Prêmio Especial do Júri e o de Melhor Direção de Arte mesmo festival.
DEBATE
A distribuidora do filme, a ArtHouse, e o Canal Brasil promovem um debate virtual pelo YouTube do Canal Brasil às 19h deste domingo, dia 1º, com a presença da equipe do filme e mediação do crítico Pedro Butcher.
Adriana Androvandi