Amã, que tem cerca de quatro milhões de habitantes, foi construída em sete colinas que deram nomes aos seus principais bairros. "Nossa cidade é linda, mas ainda precisa ser alegre, colorida", diz Suhaib Attar, o grafiteiro mais conhecido do país. Em um parque de estacionamento em Jabal Amman, o artista de 25 anos, com um balde de tinta em sua mão, quer "transformar essas paredes de concreto alto e escuro em uma espécie de imagem expressiva cheia de vida". Ao assinalar que está lutando para arte ser reconhecida como um meio de expressão livre na Jordânia, Attar explica que prefere não evocar em seus trabalhos sujeitos políticos ou religiosos. "Eu evito tais temas porque podem atrapalhar algumas pessoas que ainda não entendem essa arte", disse o estudante da universitário.
Essa opinião é compartilhada por Suha Sultan, de 20 anos, estudante da Faculdade de Artes. Ela lembra um dia em que foi desprezada pelos transeuntes enquanto se dedicava à sua paixão pela arte de rua com os amigos. "Eu pintava um grande retrato de um homem de uma tribo quando os pedestres me questionaram, me deram um sermão porque eu estava em uma escada entre os homens e me interrogaram secamente sobre o significado do meu grafite", diz a menina com olhos verdes que conta que adora desenhar desde a infância. Para ela, Amã está cheia de espaços sem alma e paredes que precisam ser revividas. "Mas isso não é tão simples porque para fazer arte precisamos autorização prévia do município ou do dono do prédio e, na maioria das vezes, somos confrontados com uma recusa ou falta de aceitação de sociedade ", explica.
Wissam Chadid, um artista de 42 anos, considera que há "linhas vermelhas" que se conhecem em uma sociedade tradicionalista onde a criação artística é geralmente incriminada. "Nós pintamos natureza, animais, retratos, mas não tocamos em todos os problemas relacionados à moralidade", analisa. "Antes, havia nas paredes de Amã apenas nomes de clubes de futebol, números de telefone ou mensagens pessoais de meninos a seus amigos. Hoje nós tentamos popularizar nossa arte", diz Wissam, enquanto termina de passar tinta sobre o rosto de uma mulher.
Assim, pouco a pouco, a arte de rua conquista seu espaço na capital. "Ela adiciona cores a esta cidade cujos edifícios são todos iguais de uma maneira", diz Phoebe Carter, uma americana que estuda árabe na cidade. "Quando eu passo de manhã perto de uma parede com belos grafites, eles me enchem de energia positiva para o resto do dia", comenta Karim Saqr, um jordaniano de 22 anos.
AFP