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Verão

Especial

Jorge Drexler encanta com “Silente”

Músico uruguaio tocou no Teatro do Sesi, em Porto Alegre

Jorge Drexler iniciou em Porto Alegre a turnê brasileira | Foto: Marcos Santuário / Especial / CP

Com coragem e talento, o cantautor uruguaio Jorge Drexler subiu ao palco do Teatro do Sesi, na noite desta sexta feira, dia 31,  em Porto Alegre, para iniciar sua turnê brasileira do show “Silente”. O próprio nome já evoca o clima proposto, paradoxalmente, ao espetáculo que se centra “na busca do silêncio”. Criativo e ousado, antecede o início do show com música do filho Pablo, de 21 anos, instrumental, intensa e penetrante. Daí irrompe no palco e, com uma caixa de fósforos na mão, recita uma poesia que trata de explicar a essência da busca sonoro/contemplativa que vai empreender dali em diante.

Mesmo que algumas palavras do espanhol se percam na compreensão de um espectador mais desatento, o conjunto poético permite entender a proposta do artista. Com a música “Eco” deixa a dúvida “eso que estás oyendo ya no soy yo”. Segue a musicalidade às vezes com violão acústico, outras com elétrico. Ora com banquinho e ora dominando o palco como um todo, em meio a uma cenografia cambiante, que une luzes e sombras, para criar efeitos visuais sóbrios, sem excessos e sem carências. Tempo, formas e espaços se tornam narrativas no palco.

Com “Estalactitas” revela “El tiempo era entonces dinamita/ Vivíamos colgados como estalactitas”. Vem outras músicas e o público vai se envolvendo no silêncio da proposta. Canta mais suavemente, estala os dedos ao invés de aplaudir. A cumplicidade se estabelece definitivamente. Drexler experimenta, com a licença conquistada pelos que já demostraram saber dos caminhos tradicionais e das formas esperadas. Em “Silente” inova na voz, na postura e na criação de imagens. Seus fãs aceitam o desafio e o acompanham.

Com um Teatro do Sesi lotado (ingressos esgotados antes do dia do show) encantou a plateia com as sempre desejadas “Guitarra e Vos”, “Salvapantallas”, “La Edad del Cielo”, “Abracadabra”, “Disneylândia”, “Todo se Transforma”, “Soledad”, “Movimiento”, e é claro “Silêncio”. Surpreendeu também tocando a primeira musica que compôs “La Aparecida”. Contou histórias, brincou e interagiu artisticamente com o Pêndulo de Newton. Deu tom de milonga para “Chega de Saudade”, que até Vinicius de Morais aprovaria.

Mostrou canção que fez (mas nunca gravou) para aplaudir artisticamente ao Plano Ceibal, aquele em que o Uruguai colocou um computador para cada criança. Daí acabou falando da importância da educação pública. Aplaudidíssimo no momento, confessou nos bastidores que não havia planejado o discurso que aparentou tom político. Da mesma forma revelou ter se inspirado na hora pra falar da estapafúrdia teoria da Terra Plana, ao explicar o Pêndulo de Newton e existência da gravidade. Sentiu a empatia do público de forma imediata.

Apesar do estímulo ao universo mais silencioso, em seu primeiro show no Brasil, “Silente” terminou com a dançante e reflexiva “Telefonia”. Um espetáculo longo que parece curto. Que evoca ao silêncio com sonoridade especial e que é, sem dúvida, mais complexo do que parece. Repete a dose em show na noite deste sábado No Teatro Guarany, em Pelotas. Também com ingressos esgotados.
 

Marcos Santuário