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Verão

Especial

Kamasi Washington coloca o Araújo Vianna para dançar em Porto Alegre

Saxofonista voltou a tocar na capital gaúcha após três anos

| Foto: Márcio Gomes / Especial / CP

Kamasi Washington é um artista que é preciso revisitar de tempos em tempos. Há tanta coisa acontecendo dentro de sua música, que um novo detalhe surge a cada audição. Isso vale tanto para os discos de estúdio quanto para suas performances ao vivo. Por isso, o segundo show do jazzista em Porto Alegre, na noite desta quinta, no Auditório Araújo Vianna, permitiu ao público explorar novas nuances de uma peformance que já havia sido apoteótica três anos atrás. Contagiante, o saxofonista movimentou o público desde o começo. Primeiro, timidamente nas cadeiras. No fim, de pé, dançando pelos corredores.

A nova música, "The Garden Path", abriu a apresentação com a mesma levada funk da versão do estúdio. Nem mesmo o som mais abafado no vocal de Patrice Quinn no começo da apresentação diminuiu o impacto e a velocidade da canção. O primeiro solo é de Kamasi, mas em seguida é o baixista Miles Mosley que rouba a cena ao tomar a frente e se encarregar de levar o solo e música adiante.

“Street Fighter Mas”, que Kamasi Washington compôs para homenagear o seu jogo de videogame favorito, muitas vezes fecha o show. Porém, hoje foi logo a segunda música da noite. Seguida de “Truth”, do EP “Harmony Of Difference”. E com ela, um dos grandes momentos desta quinta-feira: o solo do tecladista Brandon Coleman. Kamasi, que havia sentado para observar o integrante da banda tocar, sorri e não se contém. Logo chama o trompetista Dontae Winslow para se juntar ao músico. Coleman, alheio a tudo, parece em transe, completamente perdido no solo que faz a canção se elevar, até Kamasi e Dontae trazê-la de volta para o final.

 “Sun Kissed Child” é uma homenagem do saxofonista para a filha recém-nascida e “fã de jazz avant-garde”, segundo ele. Talvez não seja por acaso que essa música tenha um dos melhores solos de Kamasi da noite, acompanhada do teclado de Coleman. No fim, com a levada das baterias de Antonio Austin e Ronlad Bruner Jr, a música termina em um funk e sendo um dos ápices da noite.

Encerramento antes dos bis, “Fists of Fury” tem um novo impacto frente aos recentes massacres dessa semana. A vocalista Patrice Quinn repete inúmeras vezes: “our time as victims is over / we will no longer ask for justice / instead we will take our retribuition".

O show termina com o anfiteatro em festa, o público em pé, e Kamasi solando com o braço direito erguido e o punho cerrado.

Márcio Gomes