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Verão

Especial

Morre Nilva Pinto, uma das pioneiras da dança no RS

A professora atuou no Show Musical Anchieta, no grupo Os Gaúchos e na escola Cândido Godói

Nilva Pinto ensinou gerações na arte da dança | Foto: Claudio Etges / Divulgação / CP

Faleceu na manhã desta quinta-feira, 8, no Hospital Moinhos de Vento, a coreógrafa Nilva Pinto, 86 anos, em decorrência de complicações de um AVC, ocorrido na madrugada da última terça.  A cerimônia de despedida ocorre das 16h às 20h de hoje, na Sala Premium do Cemitério João XXIII.  

Nascida em Vacaria, em 1934, Nilva Terezinha Dutra Pinto veio para a capital gaúcha aos 17 anos, quando seu pai enveredeou na carreira política. Seu interesse pela dança ocorreu desde pequena, quando em sua cidade natal teve contato com a dança e o teatro. Iniciou seus estudos em internatos, em Gramado, aos 9 anos e depois Caxias do Sul e São Leopoldo, onde teve aulas de música (piano e canto), dança e teatro cômico. Por intermédio de sua colega Rosemari Schimitz, ingressou no ballet clássico e ao se mudar para Porto Alegre, em 1951, ingressou na Escola de Dança de Lya Bastian Meyer. Entrou no Curso de Dança, oferecido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado, com duração de 3 anos, para alunos já iniciados, que trabalhava coreografias clássicas, modernas e de folclore.  

Cursou dança clássica com Maria Ruanova, em Buenos Aires e Educação Rítmica do Movimento e Dança Elementar, pelo Ministério da Educação e Cultura. Em 1955 entrou no curso de Educação Física da Ufrgs, lecionando em escolas após formada, e após quatro anos conheceu a folclorista uruguaia Marina Cortinas, esposa do cônsul do Uruguai, que estava a trabalho no Brasil. Esta professora fundou o Conjunto Internacional de Folclore “os Gaúchos” (CIF “Os Gaúchos”), em 1959, no qual Nilva atuou até o fim de seus dias, inicialmente como bailarina e depois como diretora artística. “Desde que entrei minha satisfação é muito grande. Tive oportunidade de conhecer muitas pessoas em outros países. E aqui funciona como uma família”, afirmou, no lançamento da montagem “1959- CFI Os Gaúchos – 60 Anos de História”, em dezembro de 2019.  

Formado por bailarinas clássicas das escolas de ballet de Porto Alegre com os sapateadores de CTG’s e grupo da Varig, com ele, Nilva se dedicou ao folclore, em cursos, festivais e viagens e representou o Brasil em diversas ocasiões, na Espanha, Itália. China, França, Argentina, Paraguai, Chile e Turquia. “Trata-se de um grupo para-folclórico, que não faz a dança de forma ortodoxa, e sim adaptação, com liberdade coreográfica (projeção folclórica)”, afirmou sobre o coletivo, com o qual participou de mais de mil espetáculos. “A Nilva foi uma precursora na dança escolar e de suma importância para a cultura e o folclore do Estado. Ela fez escola com muitas de suas alunas que vieram a seguir a carreira artística. Uma pessoa de um coração imenso e que tinha enormes sonhos. É um luto cultural para todos nós. Deixou uma história de vida linda e que vai continuar em outros pagos o ritmo cadenciado da sua colher de pau”, declarou o diretor do CFI Os Gaúchos, Alexandre Grivicich. 

Reconhecimento  

Atuou no Colégio Estadual Cândido José de Godói, por 30 anos, como professora de educação física e de dança, chegando a montar lá um clube de danças. E também no Colégio Anchieta, onde desde 1968 estava à frente do Show Musical Anchieta – Canto e Dança. “Em 1966 o Anchieta cria um coral, chamado Pequenos Cantores do Colégio Anchieta, só com meninos. Em 1969 a Nilva entra no grupo como coreógrafa e monta um grupo de dança, inicialmente só com meninas, depois com meninos. Ela ficou como coreógrafa por mais de 40 anos. Nós entramos pequenos, 10,11, 12 anos (alguns até com menos). Muitos participaram por 3,4, 5 anos ou mais. Viajávamos todos os finais de semana para nos apresentaremos por todo o interior do Estado. Nas férias de julho fomos para Brasília, em 1975; Uruguai em 1976, Nordeste em 1977... e assim fomos conhecendo o Brasil todo, além da América do Sul. O grupo chegou a viajar pra Roma. Pra muitos de nós ela foi uma segunda mãe, dando disciplina e educação através da dança, numa época em que as crianças e os pais respeitavam os professores”, declarou o ex-aluno Rogério Menegassi.  

Seu trabalho foi reconhecido, com a comenda “Negrinho do Pastoreio”, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 1989; o título de “Cidadã Emérita de Porto Alegre” da Câmara Municipal de Porto Alegre, em 1992; e como “Amiga do Turismo” pela Famecos/PUCRS. Junto com Morgada Cunha,  Rony Leal, Tony Petzhold, Selma Chemale, Souvarine Louniev, João Luiz Rolla e  Lya Schimitz, é considerada pioneira da dança na Capital.